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domingo, 27 de outubro de 2013

Proposta Indecente

Cap 14 ao 17


14° Capítulo 


Lua teve uma noite péssima. Acordou diversas vezes com a dor no braço. Às três da madrugada, tomou mais dois anal­gésicos, então caiu em um sono pesado e só acordou as oito, com o despertador.


O desjejum consistia em suco de laranja, café e cereais. En­volveu o braço em um saco plástico para tomar banho.


Vestiu uma jeans é uma blusa de algodão larga, amarrou um lenço roxo nos cabelos, acrescentou diversos acessórios de prata e dirigiu até a loja Mai`s New Age, onde sua amiga vendia velas, cristais, brincos e CDs.


- Querida, que acessórios radicais! - Mel a cumprimentou. Lua apenas sorriu e se perguntou se lançara uma nova moda.


O braço doía menos, e até domingo estaria bem melhor.


O dia passado na loja a manteve ocupada. À noite não foi preciso correr para o trabalho, e assim decidiram lanchar juntas em um restaurante que servia comida natural.


Lua sentia um forte impulso de abrir-se com Mel, mas o que diria? "Ei, Mel, estou me mudando da quitinete alu­gada para uma mansão!"? Era irônico. Seis meses antes saíra de um confortável apartamento. Agora, reverteria o processo por quinze meses.


Era melhor não falar nada. O negócio não estava fechado ainda.





Sentiu um frio no estômago. Quando  Arthur Aguiar iria consumar a relação? Ouviu uma voz interior: quando Arthur irá querer que você faça sexo com ele? Com que freqüência? "Todas as noites, Lua."


A imagem daquele corpo másculo sobre o seu a fez perder o fôlego. A quantia envolvida a obrigaria a trabalhar muito. Céus, ele exigiria que ela mostrasse tudo o que sabia!


Lua desistiu de tomar o suco de cenoura e deixou a sa­lada pela metade.


- Está sem fome?


Ela olhou para Mel e depois para o prato, e se sentiu mal. - Estou.


Ainda podia desistir. Só precisava fazer uma ligação.


- Querida, me escute: alimente-se, você não pode ficar fraca.


- Eu como algo mais tarde. - Lua pegou algum dinhei­ro na bolsa e o pôs sobre a mesa. - Tenho de ir.


Foi direto ao hospital, atravessou os corredores, entrou no elevador e seguiu para a enfermaria, que seu pai dividia com mais três pacientes.


Hesitou quando viu que Billy tinha uma visita. Não era um amigo, mas sim ninguém menos que Arthur.


A expressão de Lua se tornou feroz, protetora e mudou de novo quando o pai notou sua presença.


Arthur a observou tomar as mãos de Billy e beijar-lhe a face.


- Você estava ajudando Mel - Billy disse, com a voz fraca.


Ele tinha um sorriso débil, e o coração dela se partiu ao pensar em como a doença transformara o homem orgulhoso que sempre fora.


- Olhe quem veio me visitar, filhinha. Lua fitou Arthur, desconfiada.






continua




Autor: luan


15° Capítulo


- Estou vendo, papai.


Em silêncio, Lua enviava a Arthur uma nítida mensa­gem: "Se você disse qualquer coisa para aborrecê-lo..."


Era como uma leoa defendendo o filhote, Arthur concluiu. As garras à mostra, prontas para contra-atacar.


- Tenho certeza de que preferem ficar sozinhos. - Arthur fez um aceno com a cabeça para Billy e depois para Lua, e se despediu: - Boa noite.


Lua ficou imaginando a razão da visita.


Permaneceu no hospital por uma hora, grata por Billy es­tar lúcido. A hora da visita quase terminara quando saiu da enfermaria.


Lua  imaginou que veria a figura de ucker  no corredor ou perto do elevador. Mas não havia sinal dele.


Em casa, fez dois ovos mexidos com queijo, tomate e torra­das, e comeu enquanto verificava as lições do dia seguinte.





A segunda-feira frustrou as expectativas de Lua. Arthur não a esperava ao término das aulas.


Lua foi direto ao hospital, onde ele também não apare­ceu. Não recebeu nenhuma ligação à tarde, passou outra noite desassossegada e chegou atrasada à escola.


Às dez horas, a secretária lhe deu um recado de  Arthur com um número de telefone.


Os estudantes correram para a saída assim que o sinal anun­ciou o intervalo. Lua  apanhou os livros e os papéis, guar­dou-os na sacola e foi até o telefone público.


Era o número de um celular, que engolia moedas sem parar. Arthur, decerto, estava em uma reunião, pois foi breve e direto: - Pode vir ao escritório de meu advogado às quatro?


- Hoje?


- Sim.


- Posso tentar. - Suas moedas acabaram, e ela pôs o fone no gancho.


Tomou o ônibus para a cidade. Era mais barato que pagar estacionamento, mas a fez atrasar-se quinze minutos.


Arthur já estava esperando. Lua  entrou, se sentou e acei­tou um copo de soda gelada.


O advogado a observou com atenção.


- Ficou satisfeita com o aconselhamento do outro advogado? "Satisfeita" não era o termo adequado.


- Ele conseguiu esclarecer minhas dúvidas.


- Os resultados dos exames médicos chegaram - o advo­gado continuou. - Não há nenhum problema em relação a eles.


Não poderia haver, e Lua se viu tentada a dar uma res­posta insolente. Mas não era hora para fazer cenas. Assim, se limitou a assentir.


- Está pronta para assinar os papéis?


O cerco se fechava. Ela se sentiu como uma das esposas de Henrique VIII, pronta para enfrentar a guilhotina.


Lua  se concentrou apenas em seu pai e confirmou: - Sim.


Tudo foi feito em poucos minutos. Lua e Arthur assina­ram, tendo o causídico como testemunha.


Tinha de sair dali. Ficar para trocar palavras de agradeci­mento não fazia o menor sentido.


- Se me dão licença... - Lua se levantou. - Preciso ir ao hospital.


- Eu também já vou. - Arthur se ergueu, apertou a mão do advogado e a seguiu pela recepção. - Onde está seu carro? As portas do elevador se fecharam atrás deles.


- Na escola. Peguei um ônibus para cá. Alcançaram o térreo.


- Sendo assim, eu a levo ao hospital e depois passamos para pegar seu automóvel - Arthur afirmou com delicadeza.


- Não precisa ir comigo. - Lua necessitava de tempo sozinha para absorver o que acabara de fazer.


- Meu carro está do outro lado da rua.


- Não.


Arthur estava tão calmo que ela sentiu vontade de agredi-lo. Passaram pela porta circular e chegaram à calçada.


- A tinta nem secou e você já quer brigar comigo.




continua



16° Capítulo 


Apesar do modo suave como ele falava, ela sabia que ele estava no comando.


- Eu preferia visitar meu pai sozinha. E ficar em meu apar­tamento esta noite. - Céus, o dia seguinte chegaria rápido demais. - Preciso fazer as malas, limpar o imóvel e avisar a proprietária.


Que não ficaria alegre em receber a notícia de repente, e com certeza exigiria uma indenização.


Arthur a observou por um longo momento.


- Não pretendo desistir - ela tranqüilizou-o.


- Espero que não. Saiba que sou um inimigo implacável.


O farol para pedestres se abriu, e eles atravessaram.


- Muito bem. Já que insiste, leve-me à escola. Lua permaneceu calada durante todo o percurso.


Mal olhou para Arthur ao sair do veículo. Segundos depois, destravou a porta e entrou em seu carro. De repente percebeu que Arthur  a seguira e estava ao seu lado.


Ela virou e arqueou as sobrancelhas. - O que foi agora?


- Seria bom você ficar com o endereço de minha casa. Eu a esperarei lá amanhã à tarde.


Lua colocou o cartão e a caneta sobre o banco do passageiro. - Depois das aulas e da visita ao meu pai.


- Às seis - Arthur insistiu - no mais tardar.


Ela ligou o motor, e ele fechou a porta. Então, pôs o veículo em movimento.


Estava quase escuro quando Lua chegou ao hospital. Demorou-se, relutante em deixar Billy.


Terminado o horário de visitas, deu boa-noite ao pai e foi embora.


Não comera nada, e preparou feijão enlatado, torradas, e chá. Quando acabou a refeição, ligou para a proprietária. Lua já esperava ter de pagar uma multa, mas a agres­sividade com que a exigência foi feita a surpreendeu.


- Tire do fundo de depósito - Lua falou, com delicadeza, sabendo que a senhoria iria criticá-la e reter toda a quantia.


Em seguida, fez as malas e encaixotou tudo o que levara para o apartamento. Fez faxina, esfregando o chão até que seus braços doessem. À meia-noite, tomou um banho e se deitou. Lua acordou com a chuva torrencial.




continua



17° Capítulo 


- Seria um mau agora? - perguntou-se, ao se vestir. Tomou um café rápido, temerosa de que a proprietária sur­gisse a qualquer momento.


Foram necessárias duas viagens para pôr tudo no carro. Ao sair do prédio, não olhou para trás.


O guarda-chuva não foi suficiente para protegê-la da borras­ca, e ficou ensopada no trajeto do estacionamento até a sala de aula.


Luaia ficando cada vez mais tensa à medida que o dia transcorria. Quando a campainha anunciou o término da última aula, estava com os nervos à flor da pele.


No hospital, passou o novo endereço e telefone na recepção e foi visitar Billy. Ele não melhorara, e ela sentiu uma dor no peito.


Durante todo o dia, pensara em um modo de contar-lhe que sua dívida para com  Arthur não mais existia. O pai não precisava saber da verdade, mas era um homem esperto  Ela não conseguiria enganá-lo com uma desculpa qualquer.


Na angústia da dúvida, pesou os prós e os contras e decidisse por um pouco de honestidade: a meia verdade.


- Tenho boas notícias, papai. - Lua puxou uma cadeira para perto dele e lhe tomou a mão. - Tenho motivos para crer que  Arthur não vai processá-lo.


Os lábios dele tremeram. - Tem certeza?


- Sim.


- Mas o dinheiro...


Billy não precisava saber dos detalhes. - Creio que será possível resolver tudo. 


- Por isso Arthur veio me visitar?


- Acho improvável que tenha vindo por outro motivo - Luaprosseguiu com firmeza.


- Como assim?


Ela não fingiu não compreender.


- Vamos conversar quando eu souber mais.


Uma enfermeira entrou para checar os pacientes, e dez mi­nutos depois trouxe o jantar.


- Eu já vou, papai. Durma bem. Virei vê-lo amanhã.


Eram quase cinco e meia quando Lua entrou no automóvel e dirigiu até Woollahra. Perto de seu destino, verificou o guia de ruas, marcado onde devia virar.


Seu estômago deu um nó quando encontrou a rua certa. Ha­via árvores frondosas dos dois lados, os grandes galhos exibindo o verde da primavera. Dirigiu devagar observando os números até chegar à ampla entrada protegida por altos portões de ferro. Estavam fechados. Uma câmera fora instalada em uma coluna alta. Lua encostou o carro e pressionou o botão ele­trônico.






continua

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