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segunda-feira, 28 de outubro de 2013

The Divide

                                    

CAPITULO1



1° Capitulo Boa Noite papai!
Depois de 6 horas intermináveis de viagem, eu ainda estava lá, enclausurada naquele carro, como se estivéssemos andando em círculos, sem nunca chegar a um destino. 
Eu gritei, reclamei, chorei, e protestei ferozmente, trouxe a tona todo o sofrimento e a angústia que eles estavam me fazendo, mas não era o suficiente para que me libertassem. 
E então, depois de 2 horas, eu aceitei o meu destino, sem mesmo saber o que seria de mim dali pra frente. 
Eu me encolhia no canto direito do carro, debruçada no vidro fume, escutando somente o ruído da minha respiração, um tanto acelerada. Eu esticava meus olhos ao lado oposto do carro, a fim de olhar para o homem que tornou realidade o pior pesadelo do meu pai. 

E ele parecia não se preocupar muito, nem com a situação, muito menos com a minha presença. Vestia um terno, e sua postura era ereta, um figurão da alta sociedade americana, pensei. 
- Eu quero ir pra casa!      
-Exclamei, em alto e bom som.
 - Você está em casa agora, Miss Blanco.
Eu retomei minha posição inicial, apática, apenas debruçada, encolhida sobre a janela do luxuoso carro, e na minha mente atordoada, rodavam por milhares de vezes a cena que eu acabara de vivenciar.
Era uma manhã de sábado e eu ia sair para fazer comprar de Natal com o meu pai. Enquanto eu estava em meu quarto, me vestindo, eu escutei um estrondo de arrombo, e logo em seguida, meu pai exaltou a voz. 
Eu corri imediatamente para ver o que acontecia na sala, mas parei atrás da porta, olhando uns homens conversarem com ele. 
Meu pai parecia confuso, levantava as mãos com freqüência, tremia e pedia calma. 
O sotaque dos homens, me impediam de entender o que eles falavam ,mas meu pai parecia estar acostumado e respondia imediatamente tudo o que lhe era perguntado. 
Passos atrás deles, tinha outro homem, de terno, que olhava as fotos de família que tínhamos na cômoda, observando-as atentamente. 
- Por favor, me dêem mais um prazo. 
 - O prazo já lhe foi dado, senhor. Ou paga, ou morre!
Meu coração sentiu um aperto e eu tentei dar um grito, mas levei as mãos à boca, para abafar qualquer tipo de som que pudesse sair. Meu pai estava tremulo, era visível seu medo diante dos dois homens.
- 3 meses, senhores. Só lhes peço três meses. 
- E quanto aos outros 6 meses que já lhe demos, sr. SBlanco?
Perguntou o homem que olhava nossas fotos, num forte sotaque americano. Ele caminhou lentamente até meu pai e pediu que os outros homens se afastassem: 
- Eu vou pagar, eu juro que vou. Por favor, eu peço com a minha vida, me dê mais tempo, eu vou dar todo o dinheiro.
- Eu acho que tive outra idéia. Um outro tipo de pagamento. 
- Qual senhor? Pode pedir, qualquer coisa, pode pedir. 
O homem sorriu com o canto dos lábios e apontou para a foto em cima da cômoda. Foto cujo aparecia, eu e meu pai, juntos.

E antes que eu meu pai abrisse a boca eu sai correndo dali, voltando para o meu quarto. Peguei minha mochila sem pensar em nada, abri a janela e pulei para fora da casa. 
Eu comecei a correr em direção ao portão da frente, sem parar nem para respirar, sem ao menos saber o que estava acontecendo, ou para onde iria. 
Mas os gritos do meu pai me fizeram parar e olhar pra trás. 
Ele estava na porta de casa com o tal homem, olhando seus capangas que já vinham correndo atrás de mim: 
 - Foge, Lua. Vai embora, minha filha. 

As lágrimas foram inevitáveis, vendo o desespero do meu pai. E eu me virei novamente, para correr, mas já era tarde. Eles me pegaram, e eu tentei me soltar, os chutava, os mordia, mas foi em vão. 
Eles me levaram de volta para a porta da minha casa e me jogaram no chão. 
 Do lado do meu pai, estava o homem o mandante daquilo tudo, pensei,e eu o implorei:
 - Solta ele, moço. Por favor ,deixa o meu pai. 
Ele me olhou, ali no chão, como se eu fosse um inseto. Um lixo, pronto pra ser jogado fora. Uma mendiga implorando por comida, ou nesse caso, por piedade. 
Ele se aproximou de mim, parando adiante de mim, e sem perder tempo, eu agarrei as pernas dele, chorando compulsivamente:
Solte ele.
Ele me puxou pelo braço, me erguendo e olhando diretamente nos meus olhos. Os olhos castanhos dele penetraram nos meus, e a pressão com que ele segurava meu braço, me fazia chorar mais ainda de dor. 
- Por favor, senhor. Deixe ele.
 Ele me olhava fixamente, alternando entre meus olhos e minha boca, tremula e apavorada, implorando por perdão. E enfim ele disse algo, em alto e bom som: 
- Julian, faça as honras da casa.
 Eu não sabia o que isso queria dizer, mas continuei olhando para ele. Até o barulho que eu tanto temia, se fez valer.                
- PAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAI. 
Eu arranquei do peito, o mais alto e forte grito que eu jamais pensei que poderia ter. Eu puxei meu braço das mãos dele ,e corri até meu pai, caído no chão, sangrando. E enquanto eu corria até ele, gritava, implorava para Deus, ou anjos, ou espíritos, seja lá se existissem, mas para alguém que o ajudasse, que não tirasse a única família que eu tinha, e a pessoa que eu mais amava na vida. 
Eu me joguei ao lado dele, no chão, e peguei a mão dele, firme:
- Pai, acorda. Vai dar tudo certo, eu to aqui. 
 - L-uu-a...
- Não fala nada, pai. Vai ficar tudo bem, eu prometo. 
Eu sentia o medo tomar conta da minha alma naquele momento, e as lágrimas não eram o suficiente para demonstrar tudo o que eu sentia. 
 - Me descul...desculpa. 
 - NÃO PAI, não vai, abre esse olho pai, fica aqui.
Eu apertava a mão dele o mais forte que eu podia, e as minhas lágrimas molhavam todo sua roupa. 
 - N-não, se esqueça de fazer... o dever de casa! 
- Pai, não pai. Pai?? Papai, não faz isso, pai. 
 Eu vi ele fechar os olhos e soltar gradativamente minha mão. Mas antes que eu pudesse dizer mais alguma coisa, um dos homens puxou meu cabelo com força, me levantando e me arrastando pelo chão, até o carro. E eu gritava, eu soltava do meu peito todo o fôlego e toda o ódio que eu tinha naquele momento: 

 - VOCÊ MATOU MEU PAI , ME SOLTA SEU DESGRAÇADO.
Me debatia no chão, e agarrava as mãos deles com a unha, sentindo ele agarrar meu cabelo como se eu fosse uma garota de programa. E quando ele passou por mim, o provável patrão deles, eu não me contive:
- SEU FILHO DA PUTA, ASSASSINO, VAI PRO INFERNO DESGRAÇADO. EU VOU MATAR VOCÊ, EU JURO, EU VOU MATAR VOCÊ. 
Ele sorriu, abriu a porta do carro, e o homem me jogou lá dentro.

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