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terça-feira, 29 de outubro de 2013

Three Cheers For Sweet Revenge



capitulo 8 e 9

Cap 8 Hide and Seek 

Minha raiva por Giovana não havia passado, mas estava no mínimo desacordada. Eu não mais possuía aquela sede desesperada por vingança; pelo menos eu não pensava constantemente nisso. 
Minha mente estava sempre tomada pela imagem de Pedro com suas feições e palavras. Nada havia sido dito, mas eu sabia que ele queria e tentava se aproximar de mim aos poucos. 
Uma semana se passara desde o incidente no banheiro masculino, e a partir de então as coisas melhoraram em nosso relacionamento. Nenhum grande passo, nada tão significativo aos olhos alheios, mas que para mim era um tremendo avanço. 
Já nos cumprimentávamos como dois conhecidos e Pedro até mesmo dirigia a palavra a mim no recreio. Certo dia se sentara ao meu lado na aula de latim, sem dizer uma palavra, no entanto. Tive que prender minha respiração durante todo o horário de tão nervosa que estava. E no fim da semana, toda a turma havia combinado de ir à chácara de Aaron. 

Eu estava terminando de colocar minhas roupas dentro da mala, enquanto Soph folheava uma Vogue antiga. Berta, por sua vez, catava as roupas que eu jogava no chão ao escolher qual levar ou não. 
Claro que Sophia já estava cansada de me escutar falando sobre Pedro, já que ele era tudo em que eu conseguia pensar, então Berta estava sendo obrigada a me aturar. 
“Espero que esse fim de semana seja decisivo. Tenho certeza de que as coisas darão certo para Pedro e eu... Estou tão empolgada!” exclamei sonhadora, sem me cansar de repassar os planos que tinha em mente. Seria a oportunidade perfeita para tudo voltar a ser o que era antes e fazer Pedro perceber que eu ainda era a sua .
“Nós sabemos, Srta.Lua ...” Berta falou sem entusiasmo, visivelmente cansada dos meus suspiros utópicos. Não dei importância para a falta de interesse dela e de Sophia, e coloquei a ultima peça de roupa dentro da mala. 
Todos iriam com seus carros e sairíamos no mesmo horário para chegarmos ao mesmo tempo na chácara. Sophia já havia ido, a fim de arrumar tudo em seus devidos conformes. 
Micael, por insistência de Sophia, iria conosco e o porteiro do prédio acabara de avisar que ele havia chegado. De uma hora para a outra minha amiga irradiou uma alegria e empolgação antes inexistentes. Previsível. 
“Vamos logo!” a garota saltou da cama e colocou imediatamente a mochila nas costas, saindo do quarto apressada. 
Berta me ajudou a levar a mala até o elevador e me entregou as chaves do carro. Desejou boa viagem, e então,Sophia e eu partimos animadas até o saguão principal do condomínio. 

Ao avistar a entrada da chácara de Aaron, percebemos as dezenas de carros que estavam estacionados no jardim. E nós que pensávamos que seria um final de semana apenas para a nossa turma. No fundo sabíamos que Aaron não aguentaria não dar uma grande festa. 
Estacionei o carro atrás de outro e saí rapidamente do mesmo, observando a casa com olhos atentos e absortos. A chácara continuava com aquele clima tranquilizador que me lembrava. Apesar da musica frenética que podia ser escutada, estar ali ainda me trazia a mesma paz de antes. 
Todo aquele verde exacerbado trazia uma calma avassaladora, tirando aquele estresse que a cidade colocava sobre nós. 
Com o sol dando lugar à lua, as várias dúzias de luzes espalhadas por todo o imenso jardim já estavam ligadas, assim como as de dentro da casa rodeada de vidros. Deixei minha mala para que Micael mostrasse seu cavalheirismo e a carregasse, e fui correndo juntamente com Sophia para dentro daquele imenso chalé requintado. 
Apesar das vinte pessoas espalhadas pela sala de entrada, o clima ali dentro não deixava de ser agradável, com uma trilha sonora havaiana e uma conversa calma entre eles. Todos nos observaram entrar e nos cumprimentavam enquanto passávamos. Estava tudo incrivelmente aconchegante, e eu tinha a certeza de que não teria que me preocupar com nada a não ser curtir meus amigos ali. 
Assim que avistei Aaron, corri em sua direção e o abracei, elogiando toda aquela maravilhosa paisagem. O garoto tratou de nos levar casa adentro para mostrar onde dormiríamos. 
O quarto, assim como toda a casa, possuía uma decoração campestre e aconchegante. 
- Venha Soph, agora vou mostrar seu quarto e do Mica- Aaron já foi se precipitando a sair do quarto, mas não tardei a segui-lo. 
-Aaron, vou dormir sozinha? - indaguei curiosa. Não que eu me importasse com isso, mas seria agradável uma companhia. 
- Er... - Aaron bagunçou os cabelos um tanto nervoso e, apenas por observar seu nervosismo, eu sabia que algo que me incomodaria muito estava prestes a acontecer. - Vamos Soph.
O garoto puxou o braço de minha amiga, que me encarava com olhos confusos. Ele estava tramando algo, eu tinha certeza disso. 
- Aaron! Volte aqui! - exclamei um tanto frenética, vendo Aaron apertar ainda mais o passo para ficar longe de mim. 

Tudo o que fiz foi suspirar, rezando para que, na pior das hipóteses, não fosse nada envolvendo Giovana Caldwell. Eu realmente não queria ter que pensar nela por pelo menos dois dias. Queria um pouco de paz para a minha mente. 
Entrei no quarto novamente e deitei na cama, encarando o teto. A atmosfera tranquila novamente me acolheu com ternura, acalmando meus pulmões. Fechei meus olhos por alguns instantes, agradecendo ao meu cérebro por permitir que minha mente ficasse vazia. 
Senti a cama se afundar sutilmente, indicando que alguém havia se sentado ali. Abri os olhos e os arregalei ao me deparar com o semblante perfeito do garoto que estava ali. 
Não consegui esconder o sorriso ao ver Pedro me observando com cautela e uma expressão serena. 
- Oi... - ele disse calmamente, talvez pensando no que falaria em seguida. Ou talvez nem ao menos pensasse em algo. 
- Oi - respondi com um sorriso sincero e singelo, mantendo-me deitada e indagando-me de seu próximo passo. Eu estava inegavelmente surpresa por vê-lo ali. - É você quem vai dormir aqui? - atrevi-me a perguntar. Aaron bem que podia ter feito isso por mim, eu seria eternamente grata. 
Pedro riu levemente e negou com a cabeça. Mas é claro, as coisas não seriam tão fáceis assim.Sentei-me, ficando lado a lado de Pedro, encarando-o enquanto ele evitava fazer o mesmo. Eu sabia que era difícil pra ele me aceitar de volta, e que fazendo isso ele iria contra todos seus princípios. Apesar do bom caráter, ele era incrivelmente orgulhoso, e como eu sabia disso. Mas como não era segredo, eu estava disposta a tudo para quebrar essa barreira que nos impedia de ser felizes. 
- Eu quero recomeçar, Lua... - o garoto começou, fazendo meu coração disparar com suas palavras. Ele ainda não me encarava, apenas brincava com os dedos de suas mãos. Suspirou, e finalmente conseguiu direcionar sua atenção a mim. Seus olhos tinham um misto de angustia e, ao que me parecia, felicidade. Seria possível? 
- Mas não me peça para ser rápido. Eu quero te perdoar, quero poder conversar com você como antes, contar com a sua amizade, escutar sua risada... - ele riu baixinho, fazendo-me rir também. Eu escutava muito apreensivamente, absorvendo cada fonema. - Mas não espere que isso aconteça do dia para a noite. Eu preciso de tempo. Preciso digerir todas essas informações que estão aparecendo... Sua fuga, sua volta, Giovana... Tudo ainda está muito confuso pra mim... 
- Tenha seu tempo, Pedro... Não quero te pressionar nem nada... - o interrompi, pegando em suas mãos hiperativas. O garoto encarou nossas mãos juntas por alguns segundos. - Pode demorar uma semana, um ano, um século... Eu espero você aceitar essa ideia... Eu só quero poder ter meu amigo de volta... Somente isso... 
E era a pura verdade. Se eu não pudesse tê-lo como homem, somente sua amizade bastava. Ter Pedro Cassiano em minha vida era tudo que importava, sem mensurar a circunstancia. 
- Sinto saudades das suas piadas nem um pouco engraçadas... - o garoto admitiu e apertou a minha mão, soltando uma risada abafada. 
- Nem venha com essa, você sempre morria de rir de mim. Eu sou a pessoa mais engraçada que você conhece... - bati em seu ombro, deixando com que aquele clima gostoso me dominasse por completo. Eu não podia pedir por mais nada. 
- Eu ria de dó, Lu. Acredite... 
Suspiramos ao fim das gargalhadas. Um silêncio agradável era nossa trilha sonora, enquanto nos encarávamos com profundidade. Eu não queria ter que dizer uma palavra sequer, pois sabia que aquele momento dizia tudo pelo nosso sigilo. 
Um sorriso humilde estava estampado no rosto lindo de Pedro, e ele devolvia as palavras silenciosas por seu olhar calmo e simples. Minha mão ainda estava posta sobre a dele, e por um impulso a puxei até meu rosto. Não houve hesitação por parte do garoto, que pareceu aproveitar aquela situação. 
Movimentei sua mão pela minha maçã do rosto, arrepiando-me por finalmente estar sentindo o contato de sua pele com a minha. Beijei a palma de sua mão simultaneamente e a aconcheguei novamente em minha face. 
Encarei-o novamente. Seus lábios estavam contraídos em uma fina linha e seus olhos estavam relativamente úmidos. Eu sabia que aquela situação era tão torturante quanto irresistível. Eu sabia que ele pensava o mesmo que eu, que queria a mesma coisa que eu. Sabia o que o impedia, sabia que ele não cederia. Mas aquele momento era perfeito devido às circunstancias. A história de ir com calma havia sido sincera e completamente aceita por mim, e eu não desrespeitaria os limites de Pedro. Mas eu precisava senti-lo, precisava saber que ele ainda se comovia diante de mim, que minha luta não seria em vão. 
Pedro levou sua outra mão em meu rosto, e o levou próximo até o seu, encostando nossas testas. Nunca senti meu coração tão apertado dentro de mim, como se meu corpo fosse pequeno demais para sua extensão. Minha emoção fulminava em meus olhos, queimava-os e em seguida os libertou com lágrimas singelas que caíram enquanto falhava-me a respiração. 
Segurei suas mãos entre as minhas e as apertei, tentando conter todo o meu anseio por ele. Chegava a doer a minha alma, tamanha era a minha vontade de colar nossos lábios, nossos corpos, acabar com todo aquele pesadelo e voltar a viver meu sonho com ele. Nosso sonho. 
- Eu... Eu tenho que ir... - Pedro sibilou com dificuldade. Concordei com um aceno, relutando em deixá-lo partir, apesar de saber que o veria minutos depois em algum canto da casa. Mas sabia que demoraria uma eternidade até que tivéssemos outro momento como aquele. 
Pedro depositou um beijo sutil em minha testa e me encarou uma ultima vez. Eu vi o pesar em seus olhos antes de deixar o quarto. E senti meu coração se desacelerar aos poucos. 

Para minha situação piorar um pouco, observei a silhueta de Arthur aparecer no batente da porta. Não consegui ler sua expressão de imediato, mas ao observar seus olhos com mais cautela, eles mostraram uma decepção enrustida. Eu já aprendera a ler as pessoas há muito tempo, e por mais que Arthur fosse a melhor pessoa em esconder o que se passava em sua mente, ele jamais conseguiria ocultar seus sentimentos diante de mim. 
Seus olhos castanhos pareciam tristes, desapontados, desistentes. Eu sabia que, mesmo não admitindo, ele se abalava cada vez que me via próxima de Pedro. Eu sabia que ele jamais aceitara o fato de que eu havia escolhido seu melhor amigo ao invés dele. Sabia que ele continuava a insistir em me ter mesmo depois de toda a minha relutância. E passados  anos, ele continuava a tentar me ter de todas as maneiras. 
E com toda a certeza eu sabia, observando-o parado no batente de braços cruzados e aquela expressão vazia, que ele sofria ao saber que eu corria tanto atrás de Pedro como ele corria atrás de mim. Ele queria que eu corresse daquela maneira por ele. E por alguns instantes eu me peguei imaginando como seria minha vida agora se eu tivesse o escolhido há anos atrás. Seria ele tão manipulador e egocêntrico como é agora - Estaria me amando e fazendo tudo para me ver feliz? 
E se... 
E se... 

"A brisa da manhã esvoaçava meus cabelos e os bagunçava completamente. Meus pés se divertiam com a correnteza do rio que passava por debaixo da passarela de madeira, e meus olhos observavam a rapidez em que os peixes nadavam contra ela. Minha mente estava completamente vazia, e eu agradecia a Deus por isso. Depois de muito falatório de minha mãe, exibindo-me como um troféu para as famílias requintadas que estavam ali no almoço que os Aguiar davam em sua chácara, tudo o que eu queria era um pouco de paz. Eu tinha apenas doze anos, mas já me repulsava a idéia de fingir ser algo que não era, como uma princesa que Janette insistia que eu devia ser. Eu queria mais era pintar meu cabelo de azul, rasgar todas as minhas roupas e montar uma banda de rock. Mas tinha que me contentar com o cabelo com corte perfeito, as roupas impecáveis e o futuro planejado por ela: formar em Medicina ou, quem sabe, Direito. 
Então naquele momento de paz que eu tinha, ficava imaginando como minha vida seria diferente se eu me rebelasse. 

- Pensando na nossa banda? - uma voz rouca, visivelmente passando pelos obstáculos da puberdade, despertou-me de meus deslumbres. Sorri ao ver os cabelos brilhantes de Arthur se aproximarem, e ele se sentar ao meu lado. Suspirei e sabia que nem precisava me esforçar em mostrar o que eu estava pensando. Ele saberia. 
- Você viu como ela me trata? - comecei, voltando a encarar o horizonte atrás do rio. - Como um objeto. Não como sua filha... 
Arthur também suspirou e passou a observar a linda paisagem a nossa frente. Parecia pensar no que dizer. 
- Todos eles são assim, Lua. Você sabe como é meu pai também. Do mesmo jeito que sua mãe, e talvez pior... - o garoto riu sem humor, e não pude deixar de concordar. Phill Aguiar era o homem mais cético que eu já conhecera e iria conhecer. Não demonstrava uma simples expressão de carinho para com o filho. Janette, pelo menos, parecia se importar comigo. Ás vezes. 
- Queria entender por que a aparência e o dinheiro importam tanto para eles... Por que o status é mais importante que os sentimentos... Eu não quero nunca ser como nossos pais... - desabafei. Eu me recusava a admitir que nossa imagem fosse o reflexo de nossos pais. Eu jamais colocaria a ganância ou meus interesses à frente das coisas que realmente importavam: o amor, a amizade... Eles haviam perdido todo e qualquer senso de humanidade, e eu, com apenas doze anos de idade, me recusava a ser esse tipo de pessoa. 
- Tanto faz os valores deles, Lua. O que importa é o que é importante para nós, e não para eles... - o garoto disse de maneira filosófica, talvez nem ao menos entendesse o que havia acabado de dizer. Mas ele tinha razão. Nossos valores importavam, nossa amizade, nosso amor. 
Arthur  era a pessoa mais inteligente que eu conhecia da minha idade. Apesar de ser uma das mais ricas também, mas com pensamentos completamente diferentes de qualquer um. 

Recostei minha cabeça sobre seu ombro e passei a observar seu perfil, que ainda encarava o céu mudar de cor à medida que o Sol ia se pondo. - Sabe que eu te admiro muito, não sabe Arthur? - admiti, fazendo-o me olhar. O garoto beijou minha testa sutilmente e passou os braços pela minha cintura, abraçando-me com ternura. - Independente de qualquer coisa, não quero que nada mude entre nós... 

Ele apenas me encarou por alguns instantes, fazendo meu mundo parar por alguns instantes ao observar aquela imensidão que parecia um mar de chocolate. 

- E quem disse que algo vai nos fazer mudar? 

Sorrimos mutuamente e esperamos o Sol se pôr por completo, deixando-nos admirando as estrelas que começavam a aparecer. "

XOXO BIA BERNARDO

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