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terça-feira, 29 de outubro de 2013

Three Cheers For Sweet Revenge



Capitulo 14 e 15

Cap 14 She Left Me With a Broken Heart

Sete dias. Sete torturantes dias desde a última vez que Arthur e eu conversamos. Sete dias desde que as aulas acabaram e eu não tinha mais noticias dele. Eu estava fazendo o que ele me pediu. Estava deixando ele em paz. Não procurei por ele, não liguei, não mandei mensagens, não tentei correr atrás nem uma vez. Quando encontrava com Micael ao ver Sophia, me restringia a apenas perguntar como ele estava. Nada mais. Eu ficaria fora de sua vida de uma vez. 
Mas quando Sophia foi em minha casa, muito apreensiva e receosa sobre se devia ou não me contar o que estava prestes a contar, não me contive. A ideia de ficar longe de Arthur  se tornou mais insuportável do que já era. 

- Lu, eu tenho que te contar uma coisa. Mas você tem que me prometer que não vai surtar. Que não vai fazer absolutamente nada. - ela começou, segurando-me pelos ombros. Todo aquele suspense estava me deixando muito nervosa. Quando concordei em não fazer escândalos, ela continuou. - Mica me contou que Arthur fará uma festa hoje... - Sophia falou pausadamente, mas não entendi o alarde diante daquele fato. Não era a primeira vez que Arthur fazia uma festa. -... De despedida. 
- Despedida? - perguntei atônita, ainda sem entender muito o que minha amiga estava falando. Sophia respirou fundo e continuou. 
- Arthur está indo embora, Lu. Como ele não se inscreveu para nenhuma faculdade, o pai dele resolveu mandá-lo para a filial de hotéis que ele tem lá nos Estados Unidos. 
Eu já não escutava direito. Meu olhar havia se perdido em algum lugar da sala. Sophia continuava falando, explicando sobre o motivo de Arthur estar se mudando de Londres e sobre a festa, mas eu não conseguia escutar mais. O fato de ter que ficar longe de Arthur, era suportável. Mas só de imaginar que ele estaria do outro lado do mundo, completa e definitivamente fora da minha vida, era um fato que eu não conseguia assimilar. Com ele em Londres, mesmo não falando comigo, mesmo tendo me esquecido, eu ainda tinha a oportunidade de esbarrar acidentalmente com ele em alguma festa, de vê-lo rapidamente quando estivesse com Chay ou Aaron, de ocasionalmente encontrá-lo em um restaurante... Mas com ele nos Estados Unidos... Isso significava que eu nunca mais iria vê-lo. Nunca mais.
Eu sabia que aquela não era uma decisão feita exclusivamente por Phill Aguiar. Arthur jamais iria para um lugar se não quisesse. O pai dele poderia simplesmente subornar os reitores de uma faculdade qualquer a deixá-lo ser admitido. Arthur provavelmente pedira, ou simplesmente concordara com pai – sem objeções. 
Era incabível a ideia de tê-lo assim tão distante. 
Vi todos aqueles dias que lutei em não procurá-lo irem para o ralo, já que obriguei Sophia  a me dizer onde seria a festa. Ela sabia que não poderia me impedir de ir, e que eu descobriria o lugar da festa mesmo se ela não me contasse. Eu queria ter ido naquele mesmo momento até a casa de Arthur, mas por alguma razão, Sophia conseguiu me convencer de que a festa seria mais sensato. 
Foram as horas mais agonizantes da minha vida. Eu pegava o telefone, começava a discar o numero de Arthur – que por brincadeira do destino era um número tão fácil que era impossível de se esquecer – e depois desligava. Desci inúmeras vezes até o saguão com a intenção de ir até sua casa, mas desistia de ultima hora e voltava para o apartamento. Passei a encarar meu closet, na inútil tentativa de me distrair, mesmo que pouco me importasse qual roupa eu usaria aquela noite. 

E quando Sophia finalmente passara em minha casa para que pudéssemos ir à festa, eu não aguentava mais. Ela tentava inutilmente me acalmar, enquanto eu não conseguia ficar um segundo parada. Pedia para que ela acelerasse, mesmo vendo o caos que o transito estava. Ameacei descer do carro e ir a pé, até que ela decidiu pegar um atalho, saindo da rua principal. 
A festa seria no hotel que seu pai tinha em Londres, um dos mais famosos e importantes de todo o Reino Unido. Ao contrário do que eu esperava, a entrada do local não estava lotada, nem mesmo o saguão. Fomos para o salão de festas no primeiro andar, e Sophia de cara encontrou Micael. O garoto me olhou com surpresa e então olhou para a namorada, que simplesmente deu de ombros. 
- Relaxa Micael, não vou fazer escândalos... - bufei e dei as costas ao casal, procurando o bar de imediato. Eu realmente não pretendia fazer nada muito importante aos olhos dos demais presentes, eu queria apenas... Conversar. Eu queria tentar convencer Arthur que se mudar para os Estados Unidos era uma péssima ideia. 
O local estava discretamente decorado. Havia apenas luzes saindo de todos os cantos e uma música que ecoava ao fundo. Também não havia muitos convidados, parecia mais uma festa para os íntimos. O que não mais me incluía. De qualquer maneira, foi fácil achar Arthur ali. Ele estava, como sempre, de tirar o fôlego. Conversava com dois garotos irrelevantes, com um copo de uísque em uma mão, um terno preto sobre uma camiseta com decote V e calça jeans. Tinha um sorriso singelo no rosto, mas mal abria a boca para falar. Me restringi a apenas encará-lo de longe, como se aquela fosse a ultima vez em que eu o veria, e eu precisava ter todos os seus detalhes gravados na minha mente; mas eu já os tinha. 
Enquanto ele dava um gole em sua bebida, seus olhos vagaram pelo salão e se encontraram com os meus. Eu realmente achei que ele fosse ficar histérico e mandar um segurança me tirar dali. Mas ao invés disso, Arthur pediu licença aos garotos e passou a andar em minha direção, me encarando profundamente, mas sem nenhuma expressão. Tremi dos pés a cabeça. 

- Eu sabia que você viria... - ele murmurou, tomando um ultimo gole do seu uísque e pousando sobre a bancada atrás de mim. Sua voz era calma, assim como sua feição. Já a minha era de perplexidade. - Você nunca faz o que as pessoas lhe pedem para fazer... 
Arthur sorriu e continuou a me encarar. Eu não sabia o que fazia. Se gargalhava, se o abraçava, se caia aos seus pés e implorava para ele não ir embora... 
- Você não esperava que eu ficasse em casa enquanto você está se mudando para um oceano de distancia, esperava? 
O garoto suspirou. 
- Claro que não. 
O silencio se instalou sobre nós, e eu segurava minha bolsa com firmeza para que não tocasse seu rosto ou apertasse seus ombros. 
- Será que... Que nós podíamos conversar a sós? - sussurrei, tentando ao máximo não parecer desesperada demais. Obviamente, ele sabia que eu estava morrendo por dentro. 
Arthur assentiu e começou a andar por entre as pessoas, e eu andava ainda mais rápido para poder acompanhar seu passo. Eu queria entrelaçar minha mão na sua em um ato que nunca havíamos feito antes. Nós nunca andamos de mãos dadas publicamente. O quão absurdo isso era? 
Mas qualquer movimento brusco da minha parte poderia assustar Arthur, poderia afastá-lo de uma vez, e eu não teria a oportunidade de persuadi-lo a ficar, muito menos de poder me despedir. Continuei a segui-lo até chegarmos ao elevador. Entramos no mesmo e Arthur apertou o botão que nos levaria para a cobertura. Eu não havia pensado na possibilidade de entrar em um quarto com ele, eu achava que ele me levaria simplesmente para a área externa do salão de festas. Mas um quarto me parecia ainda mais perfeito. 
Enquanto o silencio nos envolvia dentro do elevador, a vontade de pegar em sua mão nunca foi tão urgente. Não teria como ele fugir de mim ali dentro, então resolvi atender aos meus desejos. Estávamos lado a lado um do outro, e nossas mãos estavam perigosamente próximas. Aproximei ainda mais a minha e por fim as entrelacei calmamente. Arthur não moveu um músculo, e continuou a encarar o painel que indicava o andar que estávamos. Não tirou sua mão da minha. Por mais silencioso e simples que fosse aquele ato, me senti a mais feliz das adolescentes e não escondi o sorriso dos meus lábios. Depois de minutos dessa maneira, chegamos à cobertura. Eu tinha certeza de que Arthur soltaria nossas mãos e fingiria que aquilo nada significava, mas naquela noite ele estava me surpreendendo demais. Continuou com sua mão grudada a minha e nos conduziu para dentro do cômodo gigantesco. Não era como os hotéis tradicionais, onde você veria apenas um quarto e um banheiro. Era praticamente um apartamento, com uma sala gigantesca na entrada e uma escada que provavelmente daria para um quarto ainda mais gigantesco em cima. Da sala podia-se ver a piscina e o céu escuro por trás de uma porta de vidro. Ainda sem desgrudar nossas mãos, Arthur cruzou a sala e abriu a vidraça, nos levando para a piscina iluminada. 
Ele infelizmente me soltou e se dirigiu ao muro, de onde era possível ver toda Londres reluzente ali de cima. Me juntei a ele e cheguei à conclusão de que encarar seu rosto era muito mais interessante do que encarar a cidade. 

- Por que você está indo embora? - não aguentei mais um segundo de silencio. Eu precisava escutar sua voz novamente, precisava escutar a verdade. 
- Eu preciso de novos ares, Lua... - Arthur respondeu ainda sem me encarar. - Muita coisa já aconteceu aqui nessa cidade... Já fiz muita burrada, já arruinei minha vida dezenas de vezes... Meu pai sugeriu me dar parte das ações do hotel de Nova York, e nós dois concordamos que seria uma boa oportunidade para eu recomeçar... 
Suspirei profundamente antes de voltar a falar. 
- Então isso não tem nada a ver comigo? 
Arthur finalmente me encarou, seu olhar um pouco surpreso e um pouco interrogativo. Eu podia ver a resposta através deles. Voltou sua atenção para a cidade. Não respondeu. 
- Eu prometi que te deixaria em paz, Arthur, e eu pretendo continuar com minha promessa. Se você ficar, eu prometo nunca mais te procurar, fingir que não te conheço se por acaso te ver na rua, mas... Mas você tem que ficar! Por favor Arthur, fique... 
Era como se a cena do ano retrasado, quando ele me implorara para ficar em Londres na estação de trem, estivesse se repetindo, só que com os papéis invertidos. Eu podia sentir claramente tudo o que ele havia sentido quando suplicava para que eu ficasse. Senti um medo horrendo por talvez viver tudo o que ele viveu... 
- Por quê? - ele perguntou num sussurro, com certo medo de encarar. Senti as lágrimas eclodirem dos meus olhos e o desespero me envolver por completo. 
- Porque você... Você pertence a mim! E eu pertenço a você! Demorou um tempo pra eu perceber, mas é assim, Arthur! Você me irrita... Eu irrito você... Você grita comigo, eu grito com você... Você acaba com os meus namoros e eu acabo com os seus... Isso é o que a gente faz! A gente briga, mas no final ficamos juntos novamente! 
- Mas dessa vez não é tão simples como as outras... 
- E eu não sei por quê! Eu já te falei, eu não quero o Pedro! Nunca quis! Era uma maluquice que inventei para esquecer quem eu realmente queria! VOCÊ! Eu sempre quis você... Sempre quis sentir seu cheiro grudado em mim o tempo todo, sempre quis poder te abraçar o tempo todo, te beijar o tempo todo... Foi sempre você, Arthur... Você o tempo todo... 
Ele não me encarava. Acho que ele tinha medo de me encarar e ver que o que eu estava falando era verdade. Eu queria saber o que ele pensava, queria saber se o que ele queria era o que eu queria.
- Eu quero que seja você o tempo todo... Sem mais mentiras, sem mais trapaças... Só nós dois... 



Arthur continuava observando Londres, relutante a olhar em meus olhos. Eu não sabia mais o que falar; as palavras se esgotaram completamente. Eu queria tanto tocá-lo, ver seu raro e magnífico sorriso, sentir o doce sabor de seus lábios... Eu não podia simplesmente deixar as coisas como estavam. Eu me levaria até o limite, nadaria até o fundo daquela confusão até que o oxigênio em meus pulmões não fosse mais suficiente. 
Sabia que Arthur me amava. Tinha certeza. Amor não acaba da noite para o dia, era isso que eu pensava pelo menos. 
Me pus por trás do garoto e passei as mãos sobre seus ombros, massageando-os lentamente. Arthur estava extremamente tenso, e nem a carícia o fez relaxar. Suas mãos agora estavam fechadas em punho, e eu sabia que ele fazia o máximo para se conter. Mas conhecendo Arthur como eu conhecia, sabia também que ele iria ceder. 

Passei a beijar gentilmente seu pescoço, começando a sentir seu cheiro entorpecer meus sentidos lenta e tortuosamente. Uma de minhas mãos foi até a barra de sua camisa e penetrou por debaixo da mesma, explorando seu tórax tão bem definido e conhecido por mim. Fiz com a unha a curva de seu abdome, e vi os pelos de sua nuca eriçarem. Até quando ele resistiria? 
Estava cientificamente provado. Não havia algo melhor que sentir seu cheiro, sentir sua pele contra meus lábios, vê-lo se arrepiar e arrepiar só por vê-lo. Tocar-lhe vagamente, escutar sua respiração falha, quase nula... 
Com a mão livre, entrelacei seus cabelos macios nos dedos, puxando-os de leve. A cabeça de Arthur  deitou em meu ombro e reparei em seus olhos fechados. Todos aqueles traços perfeitos, como se tivessem sido esculpidos por Deus em pessoa. As linhas de expressão, o nariz, a boca avermelhada e entreaberta que deixava escapar alguns ofegos... 
Minha boca foi de encontro a sua orelha, mordendo sutilmente o lóbulo da mesma. Arthur não conseguiu se conter dessa vez e deixou escapar um gemido rouco de sua garganta. 
Ele segurou a mão que estava debaixo da camisa e entrelaçou os dedos aos meus. 

- Por que você sempre consegue o que quer? - o garoto balbuciou com dificuldade, virando seu rosto para a direita, de modo que seus olhos penetrassem nos meus com tamanha intensidade que me deixou tonta por alguns segundos. 
- Por que o que eu quero é o que você quer... - falei simplesmente. 

O olhar de Arthur ficou estático, como se ele refletisse naquela frase. Ele sabia que era verdade. 
De alguma maneira, éramos um só. Não no sentido romântico da frase, mas no sentido quase literal. Pensávamos da mesma maneira, agíamos da mesma maneira... Todas as maldades cometidas até ali, todas as pessoas que machucamos, todos os caminhos percorridos até chegarmos onde estávamos... Era como se tivéssemos combinado o que fazer. 
Éramos tão opostos que chegávamos a ser iguais. 
No final de tudo, ele sabia que o que ele queria era eu. Eu era o que ele precisava. Quem ele sonhava. Em quem ele sempre pensava. Eu sabia apenas de olhar em seus olhos; eles refletiam tudo o que os meus refletiam de volta. 

Arthur se virou de frente a mim e segurou meu rosto entre suas mãos. Encarava-me com uma intensidade nunca antes utilizada, e eu estava praticamente hipnotizada. Foi por isso que meu estomago deu voltas histéricas quando seus lábios atingiram os meus com uma fúria imensa. Ele não estava sendo nem um pouco carinhoso, e eu também não esperava que fosse. A luxuria, o desejo misturado com a raiva, a vontade de ter um ao outro, toda a angustia acumulada... Tudo estava sendo despejado naquele beijo avassalador. 
Ele me virou e prensou nossos corpos contra o muro, prendendo minhas mãos na parede. Voltou a me encarar. Seus olhos me deixavam louca, completamente desnorteada. 
Mas ele voltou a me beijar com furor, agora pressionando seu corpo ainda mais contra o meu. Eu tentava inutilmente sair das amarras que eram suas mãos ao redor dos meus punhos. Eu queria, eu precisava mais do que tudo poder tocá-lo. Deixar as marcas do meu amor e do meu ódio por todo seu corpo. Queria explorar aquela terra tão conhecida, mas que nunca se tornava monótona. 

Pegando o garoto despercebido, puxei meus braços para baixo com força e consegui me libertar, sem despregar nossas bocas em instante algum. Uma de minhas mãos foi logo para debaixo de sua camiseta, arranhando cada pedaço de pele por onde passava. A outra foi um pouco mais ousada, invadindo sua calça jeans e apertando seu glúteo, de modo que seu corpo prensasse ainda mais contra o meu. 
Seus dentes e língua exploravam meu pescoço e suas mãos tiraram a minha camisa e meu sutiã. Sua boca agora beijava o meu colo e seu quadril apertava ainda mais o meu. Era fisicamente impossível ficar mais próximo do que aquilo, mas queríamos quebrar as leis da física e ocupar o mesmo espaço. 
Arthur quebrou o beijo e passou a me encarar novamente. Sempre fui uma boa decifradora de olhares, mas naquele momento não conseguia lê-los. Ele apenas me olhava nos olhos. Apenas isso. 
Aquele mar de confusões, de emoções... Aqueles olhos que me deixavam tonta, que me entorpeciam, que me enlouqueciam... 
Passei minha mão por seus cabelos, apenas como um gesto de carinho e nada mais. 
Eu ainda não sabia se ele havia me perdoado, não sabia se ele estava me aceitando de volta, se ficaria em Londres. Mas naquele momento, aquilo não importava. Eu queria somente aqueles olhos, aquela boca avermelhada por minhas mordidas, aquele suor escorrendo de sua testa grudado em minha pele. 
Tirei seu terno e arranquei sua camisa com agilidade, arranhando suas costas em seguida. Arthur tirou minha saia com habilidade e voltou a me beijar. 
Seu corpo estava cada vez mais grudado contra o meu, sua pele esfolando a minha com furor e desejo, nosso suor e nosso cheiro se misturando com perfeição. 

Seus beijos eram ainda mais urgentes, e a vontade de respirar não era mais uma obrigação. Eu não precisava de ar. Eu precisava de Arthur. 
Eu agora apertava seus braços com força, enquanto suas mãos estavam ocupadas em tirar a ultima peça de roupa que me restava: minha calcinha. Assim que conseguiu, tratou de tirar sua calça e boxers. 
Como eu amava aquele corpo... As coxas torneadas, o abdome cheio de dobras, as tatuagens que ele escondia, as costas irresistíveis. Pulei em seu colo e entrelacei minhas pernas em sua cintura. No minuto seguinte pude senti-lo como se fosse a primeira vez. Os espasmos por tê-lo tão próximo e tão profundamente, nossos corpos se movendo ritmicamente, sua respiração afobada em meu ouvido. Nossas mãos entrelaçadas e depois explorando um ao outro. 
Os beijos calorosos e furiosos. 
Seus olhos nos meus, sua testa na minha. 
Meu nome saindo como um sussurro pesaroso de sua garganta. 
Minha suplica por ter seus lábios sempre juntos aos meus. 
A sensação incrível de me sentir completa e vazia ao mesmo tempo. 
A sensação de tê-lo e no minuto depois não ter mais. 
Todas as contradições tão simples. 

Quando meu corpo sentiu finalmente que iria ceder aos prazeres de ter Arthur Aguiar, senti meu estomago revirar, meus músculos se contraírem, minha garganta não suportar a pressão e urrar sem vergonha, minhas mãos agarradas aos seus cabelos com toda a força. 
Escutei meu nome sair da boca de Arthur com fúria, enquanto ele enterrava seu rosto na curva do meu pescoço, contendo-se para não se entregar completamente a mim. 

Mas eu sabia. 
Eu sabia que o prazer que lhe atingira era uma mistura de amor e ódio tão perfeita, que parecia não haver diferença entre os dois. 
Eu sabia. 
Eu sabia que ele era meu. 
- Passe a noite comigo... - ele disse com o resto de forças que ainda tinha, com a testa grudada na minha e com a paisagem da iluminada Londres atrás de nós. Eu não precisaria nem responder. Eu passaria todas as minhas noites com Arthur, se ele quisesse. 
Com um sorriso no rosto, voltei a beijá-lo, e ainda grudada em seu corpo, o garoto nos levou para dentro do apartamento. Subiu as escadas com meu peso sobre si, e em seguida me deitou gentilmente sobre a cama, deitando-se ao meu lado em seguida. Me virei de lado, sendo abraçada e encaixada completamente ao corpo de Arthur. E a ultima coisa que escutei antes de fechar os olhos, foi um sussurro quase pesaroso. 
- Eu também te amo. 
XOXO BIA BERNARDO
Cap 15 You’re So Last Summer

“Eu realmente amei você, e talvez sempre amarei. Mas nós simplesmente não nascemos para ficar juntos. A distancia vai ser o melhor para nós dois.” 

Foi isso que li ao acordar, em um bilhete posto sobre o travesseiro ao meu lado. A primeiro momento nada senti, pois achava que ainda estava dormindo. Mas assim que me levantei e procurei por Arthur no enorme apartamento, apenas para perceber que ele não estava lá, o desespero me atingiu em cheio. Vi-me escorada em uma parede qualquer, enrolada por um lençol e chorando como nunca. Ele tinha ido embora. 
Ao contrário do que parecia noite passada, quando dormimos abraçados como se não existisse nada além de nós dois, ele fora embora. Quando deixei que o sono me acolhesse, nunca imaginei que acordaria e não o veria ao meu lado. Senti raiva, e depois me martirizei por ser tão egoísta. Ele tinha todo o direito de me abandonar, assim como eu o abandonara uma vez. Mas tudo em mim queria acreditar que ele não teria coragem, que seu amor por mim o faria ficar, o faria querer me dar uma outra chance. Entretanto, no final das contas, eu não era merecedora de chance alguma. Quando finalmente vesti minhas roupas e sai daquele hotel maldito, a primeira coisa que fiz foi chamar um taxi e ir até o prédio de Arthur. Não havia ninguém no apartamento, a não ser a tailandesa que lá trabalhava e não entendia nada do que eu perguntava. Fui até seu quarto, com a empregada aos meus calcanhares, gritando meu nome e mais outras palavras que eu não conseguia entender. O quarto de Arthur estava completamente vazio, sem os pôsteres de bandas que cobriam as paredes, o armário estava sem roupa alguma, e até mesmo sua cama estava sem lençóis. Foi lá que larguei meu corpo anestesiado. Mil pensamentos passavam pela minha cabeça, mas nenhum deles tinha sentido, e o aperto em meu peito estava começando a ficar insuportável. Eu não sabia o que fazer, não sabia se tinha ao menos alguma coisa a fazer. Uma parte de mim insistia que eu tinha que respeitar a decisão de Arthur de ficar longe de mim, que tinha que deixá-lo ir, deixá-lo viver sem minhas confusões. Mas outra parte, outra mais convincente, me dizia para pegar o primeiro voo para Nova York. Afinal, eu não poderia desistir assim tão facilmente, poderia? Eu havia acabado de declarar meu amor por Arthur, e como eu faria jus à ele se desistisse assim tão facilmente? 
É. Eu realmente não sabia o que fazer. 
Quando minha cabeça estava prestes a fundir, eu me realizei de que estava, pela milésima vez, sendo egoísta. Mas isso era tudo o que eu sabia fazer, afinal: ser egoísta, pensar só em mim, no que eu quero e com o que eu sinto. Ir embora fora a escolha de Arthur. Se afastar de mim era o que ele queria. 
Por mais difícil – praticamente impossível – que fosse, eu teria que pensar em alguém além de mim. Alguém que havia sofrido todas as consequências dos meus atos muito mais do que eu. 
A empregada de Arthur me encarava absorta, provavelmente se perguntando que diabos eu fazia ali, então sai de seu quarto de uma vez por todas e passei a andar sem rumo nas ruas movimentadas de Londres. 



Último dia de aula. Fingi que estava doente e até mesmo me forcei a ficar doente, mas nenhuma desculpa seria boa o suficiente para Berta me deixar em paz. Ela sequestrou meus cobertores, tirou uma roupa do meu guarda-roupa e me puxou quase que pelos cabelos para dentro do banheiro. Pensei em me trancar ali, mas é claro que ela se sentou na privada e esperou enquanto eu tomava banho. 
A limusine levou Bridget e eu para o inferno na terra chamado Drayton Manor. Ao mesmo tempo em que eu não queria ficar ali de jeito nenhum, eu ficava feliz por estar ali com o pensamento de que teria que ser a última vez. Não consegui me lembrar de um momento alegre que passei ali, pois os tempos de antes da mudança da Europa – além das lembranças frescas de tudo o que minha ex-amiga Giovana tinha feito – pareciam estar em um passado muito, muito distante. E isso me fez realizar o quanto minha vida era patética. Sim, era. Tudo o que havia acontecido com Arthur me fizera realizar o quanto eu era vazia e o quanto meus valores eram fúteis. E eu nunca quis mais poder voltar no tempo, pro tempo onde eu era feliz, um tempo em que eu não havia complicado tudo. Afinal de contas, não era a vida que era difícil. Eu que a havia tornado. 

Os olhares costumeiros estavam postos em mim assim que pisei no primeiro tufo de grama do colégio. Os olhares de pena e de nojo, os sussurros, as caretas. Tudo estava como devia e sempre estava. Eu merecia aqueles olhares; eu era merecedora de pena e principalmente de nojo. Mas não por muito tempo. Tudo estava prestes a acabar. Mais seis agonizantes horas e tudo estaria acabado, no passado, selado e enterrado. 
Segui com a cabeça erguida até a primeira aula, encontrando uma Sophia sorridente com os braços envoltos em um Micael mais sorridente ainda. Quando sentiram minha presença, desagarraram um do outro e expressões embaraçosas dominaram seus rostos. 
- Agora todos são obrigados a serem infelizes na minha presença? – resmunguei ao sentar na frente do casal. A que ponto cheguei, que minha energia negativa acabava com a alegria dos que estavam a minha volta? Sophia sorriu envergonhada e voltou a abraçar o namorado, que ainda me encarava. Eu sabia o que seus olhos queriam dizer. Era como se ele estivesse pedindo desculpas por outra pessoa. Devolvi o olhar com um sorriso singelo, que dizia que não havia com o que ele se preocupar, tudo estava bem. Ou ficaria. Eu tinha que acreditar que ficaria. 
O professor finalmente entrou na sala e começou sua despedida, e eu nunca na vida quis tanto me despedir o mais rápido possível. 

No refeitório eu presava um pouco de paz, mas sabia que jamais a teria. Pessoas passavam por mim cochichando coisas maldosas e eu apenas me resumia a mexer ritmicamente em minha comida, respondendo de forma monossilábica a cada pergunta que Sophia ou até mesmo Micael fazia. 
- Olha só, quase fico com pena dessa carinha triste de quem foi abandonada pelo namorado... – aquela voz fina e aquela risada maldosa me fizeram despertar dos meus devaneios. Respirei fundo e contei até dez, tentando impedir que a raiva dominasse meus pensamentos. Faltavam poucas horas para eu sair dali, pouquíssimas horas e nunca mais escutaria aquela voz irritante novamente. – Mas eu entendo Arthur perfeitamente. Afinal, nem mesmo eu consegui aturá-la por tanto tempo... 
Olhei de relance para Sophia, que balançava negativamente a cabeça para mim, enquanto todos da minha mesa seguravam a respiração e estavam curiosos para saber o que aconteceria em seguida. Fechei meus olhos com força e não contive as palavras que saíram da minha boca. 
- Pelo menos ele me aturou por algum tempo, não é mesmo, Giovana? E você? Quando foi que ele te aturou? 
Senti as unhas grandes de Ava agarrarem meu ombro com força e seu hálito com cheiro de menta bater em meu ouvido. 
- Você ainda vai me pagar por isso, Lua. Ele era meu. Eu vou fazer você pagar. 
Peguei sua mão e a apertei com todas as minhas forças, fazendo-a tirá-la de meu ombro. Levantei-me do banco e fiquei a poucos centímetros da loira, que me encarava com uma fúria que era minha grande conhecida. 
- Estou cansada de você, Giovana Caldwell. Pra mim já chega. – apressei-me a sair do refeitório agora mergulhado em um silêncio absoluto, mas as mãos finas de Giovana foram ágeis e brutas em agarrarem meus braços. 
- Isso só acaba quando eu quiser acabar – a garota disse rispidamente a milímetros de distancia do meu rosto e seus olhos verdes fixados nos meus. O toque de suas mãos em mim era envenenado, mandava ondas de ódio e raiva para todo o meu corpo, fazendo-me desvencilhar delas rapidamente. Se eu pudesse me olhar no espelho saberia que minha expressão indicava que eu poderia matar Giovana Caldwell a qualquer momento. 
- Você acha mesmo que tem poder sobre alguma coisa Giovana? – perguntei entre dentes, cerrando minhas mãos para que elas não fossem de encontro com o rosto impecável da garota. – Essas pessoas aqui não a conhecem como eu. Você não passa de uma garotinha insegura que sempre quis tudo o que é meu. Demorei a perceber isso, mas você não é má, Giovana. Você é apenas uma criança mimada e invejosa. 
- Inveja? De quem? De você? - Giovana soltou uma risada estridente antes de continuar soltar seu veneno. – Me poupe, minha querida. Todos aqui sabem o quão superior eu sou a você. Em tudo. 
- Claro. Você realmente possui todos os títulos de Miss Drayton. Meus parabéns! – bati palmas cinicamente. – Você pode ser mais bonita, Giovana, pode ter as roupas mais caras, a maior casa, o carro mais moderno. Mas eu sempre tive o que você nunca teve: o Arthur. 
Eu sabia que não podia ficar usando seu nome daquela maneira, mas quando se tratava de Giovana Caldwell eu perdia minha cabeça. Vi que afetei a garota como se tivesse a ofendido profundamente. 
- Ele não é mais seu. Ele te abandonou! – ela gritou
- Sim, Giovana. Ele me abandonou! – gritei em seu mesmo tom, fazendo com que os olhares sobre nós ficassem ainda mais compenetrados. – Mas nem isso você vai ter! Essa angústia que estou sentindo por ter perdido a pessoa que eu mais amava! Você nunca vai sentir isso, porque não foi a você que ele abandonou! Não foi você que ele amou! E ele pode ter partido, mas sei que era eu quem estava em seus pensamentos no minuto em que ele entrou naquele avião! Você nunca vai ter isso, Giovana, e é por isso que eu falo que sim, isso acabou! – gritei ainda mais alto. – Mas se quer saber, é exatamente por isso que você ganhou. 
Caldwell estava sem palavras para me ofender pela primeira vez na vida. Me encarava absorta, pois sabia que tudo que eu havia dito era verdade. Ela nunca teria Arthur, e mesmo se tivesse, não passaria de um passatempo para me irritar, pois como eu havia dito, desde quando éramos crianças, tudo o que Giovana sempre quisera era ter o que era meu, não importava o que fosse. 
- Você ganhou porque conseguiu me tornar alguém mil vezes pior que você. Como eu disse, você é apenas uma criança mimada. Mas você fez de mim uma pessoa verdadeiramente má, Giovana – aproximei-me da garota ainda mais, vendo em seus olhos certo medo que lá se instalava à medida que eu falava. – Você fez cada parte boa em mim desaparecer, sendo substituída por puro ódio. Um ódio que me fez decepcionar todos meus amigos, minha família, a pessoa que eu amava. Sua inveja conseguiu me destruir, Giovana, não era isso que você queria desde o começo? 

Ela ainda me encarava absorta, tentando entender a dimensão das palavras que saiam da minha boca. Minha intenção não era fazer com que Caldwell sentisse pena ou até mesmo remorso por mim. Eu duvidava que seu cérebro alienado a permitisse sentir qualquer remorso. Inveja é uma doença que cega os olhos e insensibiliza o coração. Fosse o que fosse, seus olhos me encaravam com um toque de algo desconhecido. 
- Você ganhou, Giovana. É por isso que te digo que esse jogo está acabado.- E com estas palavras, deixei todos os rostos boquiabertos do Drayton para trás. 

XOXO BIA BERNARDO

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