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sábado, 19 de julho de 2014

O melhor pra mim


 

capitulo 24 e 25




Sexta-feira, dia 6 de Novembro, 11:03, educação física.
Girls:
- Não acredito que ele fez isso! - Rayanna exclamou.
- Que idiota! - Sophia disse, nervosa. - Meu Deus, nunca pensei que ele pudesse ser tão imbecil!
- Nem eu. - respondi, catatônica.
- O que você vai fazer sobre isso? - Mel perguntou, pois sabia que eu não deixaria barato uma situação daquelas.
- Nada que ele não mereça. - respondi, dando de ombros.
Elas se entreolharam. Sabiam que minhas vinganças eram radicais, e não podiam nem imaginar o que eu faria com o lindinho rosto de Thur, que por algumas horas pensei que fosse um rosto verdadeiro.
Como pude ser tão idiota?
Nós estávamos descendo a rampa para as quadras, onde aconteciam as aulas de educação física, e mesmo clima ensolarado não estava me deixando feliz. Na verdade, tudo o que eu queria era quebrar a cara de alguém.
E esse alguém sabia quem.
De qualquer jeito, eu meio que já esperava por aquilo. Quero dizer, ele havia feito isso com todas as outras pessoas como eu, por que comigo seria diferente? Só por que eu o estava ajudando? Por que ele olharia por esse lado? Arthur Aguiar não precisava pensar nessas coisas, pois todos queriam ser seus amigos, mesmo ele pisando nas pessoas como se fossem formiguinhas.
Ah, mas comigo não seria assim.
Não senhor.
Se ele pensava que eu tinha sangue de barata, estava muito enganado.
Como já diria o grande filósofo Seu Madruga: “A vingança nunca é plena, mata a alma e a envenena!”
Arthur Aguiar que me aguardasse…


Sexta-feira, dia 6 de Novembro, 11:27, diretoria.
Thur:
Bom, por mais que tudo aquilo fosse o pior que poderia ter me acontecido, eu meio que não estava tão surpreso. Quero dizer, eu sabia que Lua era osso duro de roer. Claro que nunca pensei que fosse tão dura àquele ponto, mas tudo bem… Aquele era um modo de eu me redimir com ela. Ou de ela se vingar de mim, o que se você parar pra pensar, dá na mesma.
- Arthur Aguiar? - a cabeleira loira e bem cuidada da diretora Mary apareceu pelo vão da porta. Ao contrário do que a imagem negativa de senhora malvada dizia, nossa diretora era bem nova e muito bem cuidada.
Ô lá em casa…
Levantei-me com dificuldade, pois minha bunda ainda doía. Meus braços estavam esfolados e meu rosto com resquícios de lama dura. Quem me visse de fora pensaria que eu havia levado o tombo do século. Ninguém poderia imaginar que tudo aquilo era uma pequena vingança de uma punk nerd.
Entrei na sala da diretora e ela fez sinal para que eu fechasse a porta.
- Senhor Aguiar… Como vai você? - ela perguntou, batucando com uma caneta na tampa de vidro da mesa.
Sentei-me lentamente.
- No momento não muito bem, como você pode reparar. - respondi, abrindo os braços para que ela pudesse me analisar.
- Sim, isso eu pude ver muito bem. - ela apertou os pequenos olhos de raposa, estalando o lábio em seguida. - Bom, eu já ouvi a versão da Alana - ao ouvir esse nome, um calafrio subiu pela minha espinha -, agora quero ouvir a sua.
- Bom, tudo começou quando…
Flashback on.
Eu estava descendo para a educação física sozinho. Ouvia Beatles no meu iPod e, de longe, observava Lua, que descia mais a frente, conversando com as amigas. Enquanto andava e a observava, tentava criar uma desculpa convincente na minha cabeça para dar à ela. Tinha consciência do que havia feito, e estava mais do que arrependido.
Não se humilhava uma pessoa daquele jeito, de maneira alguma, ainda mais uma pessoa que estava te ajudando.
E que provavelmente fosse sua obsessão nos últimos dias.
Quando estava quase chegando às quadras, perdi-a de vista, mas assim que contornei a pista de corrida, encontrei-a em um canto isolado com Alana Memphis.
Gelei.
O que Lua poderia querer com Alana Memphis, uma repetente do primeiro ano?
Algo estava muito errado ali. Porque, vejam bem, Alana não era o tipo de menina que não faz mal a ninguém.
Ela era amedrontadora.
E não era pra menos: Tinha 1,86m, pesava 172kg, tinha barba e bigode, lutava boxe, pintava o cabelo chanel de roxo e tinha dois alargadores de 30mm na orelha.
Na real? Eu me cagava de medo perto de Alana Memphis!
Escondi-me atrás das arquibancadas para poder ouvi-las melhor, pois sabia que Lua estava aprontando algo contra mim. E se esse algo envolvia Alana Memphis, eu precisava me preparar psicologicamente.
- …100 reais e não se fala mais nisso. - Lua sussurrou, pegando duas notas na carteira.
- Fechado. - Alana concordou, com a voz mais grave que a minha, fechando o acordo ao pegar as duas notas da mão de Lua.
Agachei-me como um criminoso, e observei as duas seguirem caminhos distintos. Tinha a impressão de que Lua estava me olhando com o canto dos olhos, mas imaginei que fosse somente uma peça da minha consciência e continuei ali, estático.
Olhei para Alana, que se afastava como um elefante, e Lua, que balançava a cabeça ao ritmo da música que tocava no seu iPod, indo em direção às quadras cobertas, onde faria educação física. Olhei novamente para Alana, e ela se dirigia aos últimos prédios.
Decidi seguir Alana ao invés de Lua, para ver qual seria o seu misterioso plano.
Ledo engano.
Mal sabia eu que era exatamente isso que Lua queria. Como um patinho, caí na sua armadilha.
Segui Alana por debaixo da arquibancada até ela entrar atrás de um prédio e eu a perder de vista. Saí do meu esconderijo e caminhei como uma sombra por entre os prédios. Fui encontrá-la novamente ao lado do vestiário feminino, amarrando os cadarços. Passei correndo por trás dela e fui para os fundos do prédio.
A tinta amarela da parede do fundo estava toda preta, e alguns cacos de vidro e pontas de baseados descansavam no chão. A única coisa material ali era um caixote de madeira, que estava estrategicamente localizado embaixo da única janela da parede. Olhei para um lado, depois para o outro. Sem nem pensar, subi em cima do caixote e abri a janelinha emperrada. Coloquei minha cabeça para dentro do vestiário e só pude ver Alana olhando com cara de sacana pra mim, antes de dar um grito ensurdecedor e me assustar. Bati a cabeça na moldura do vidro e fiquei tonto, me desequilibrando e caindo do caixote em cima de uma moita de folhas ásperas.
Quando finalmente consegui me levantar, meus dois braços estavam ensanguentados. Bati com as mãos na minha calça suja de barro e senti duas mãos segurarem meus ombros.
Virei-me lentamente.
- Me bisbolhotando, Aguiar? - ela perguntou, sarcástica.
Olhei para um lado e depois para o outro.
Antes que pudesse pensar em algo para responder, me vi correndo pelo campão, com Alana no meu calcanhar. Todos os alunos que estavam na educação física nos observavam, pois o grito de Alana despertara a curiosidade em todos, enquanto eu corria esbaforido dela - nunca pensei que corresse tão rápido.
Corri em círculo por uns bons cinco minutos, gritando para ela parar pra eu poder explicar o que havia acontecido, mesmo sabendo que ela já sabia o que havia acontecido, até que tropecei em um montinho irregular de grama e caí de cara numa poça de lama.
- Isso é pra você aprender a respeitas as pessoas! - Alana grunhiu atrás de mim, me dando um chute bem dado nas costelas. Virei-me de barriga pra cima com dificuldade, limpei os olhos e observei todos os alunos que faziam educação física tirarem fotos de mim com seus celulares e apontarem para mim, rindo.
No plano de fundo, pude ver Lua.
Ela gargalhava.
Flashback off.
- E foi isso que aconteceu. - terminei, satisfeito com a minha narrativa.
- E você acha mesmo que eu vou acreditar nessa história fantástica envolvendo uma de minhas melhores alunas, que nunca me deu trabalho e nunca veio até mim por mau comportamento? - ela perguntou, me olhando por cima dos óculos Armani preto.
- Hm… Sim? - perguntei, sorrindo como criança.
- Saia já da minha sala, Aguiar. - ela disse, nervosa. - Dois dias de suspensão pra você, e eu quero seu pai na minha mesa na quarta-feira com sua suspensão assinada.
- Meu pai? Por quê? - berrei, pois aquele era meu único ponto fraco.
- Sem porquê, Aguiar, saia! Observar garotas no vestiário seria motivo de expulsão, mas como eu gosto muito do sr., eu vou perdoá-lo dessa vez. Mas não abuse da minha boa vontade!
Saí da sala puto, batendo a porta.
Se Lua queria guerra, guerra ela teria!


continua.....


 


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