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terça-feira, 1 de abril de 2014

Boss

Capítulo 8 p.2 - Denominação.


Ele veio para perto de mim, maroto, e segurou minha cintura com as duas mãos, puxando o meu corpo para o seu, forçando um choque mecânico que fez todas as minhas células tremerem; satisfeitas. Num processo antagônico se comparado ao outro chefe, este era capaz de fazer com que o ar dançasse feliz nos meus pulmões e eu sentia meu sangue mais puro, mais limpo; sentia meu coração borbulhar. O outro era exatamente e coincidentemente o contrário: o ar não entrava, o sangue não pulsava e meu coração não dava qualquer sinal de vida; era como um choque epiléptico, estático, imóvel, inconsciente.
- Nós vamos para onde você quiser. - sussurrou em meu ouvido. Tirou os cabelos do pescoço, explicitando a pele lisa e vulnerável, deslizando seus lábios quentes e sua respiração descompassada por toda aquela extensão. Comprimi um gemido, apenas sendo capaz de suspirar pesadoramente, a boca semi-aberta.
- Hum... Eu estou com fome. - disse, tomando ar e me separando.
- Ah, claro... - ele disse, um pouco desapontado. Sorri levemente enlaçando meus braços em seu pescoço.
- Eu preciso de energia, meu caro chefe. Sem energia não há trabalho, certo?
Thur sorriu malicioso e beijou-me com fúria, apertando meu corpo contra o seu com cada vez mais força. Coloquei uma das mãos sobre seus cabelos, puxando-os, guiando-o naquele beijo de tirar o fôlego. A língua dele invadia cada canto livre da minha boca; sua saliva me drogava, era calorosamente viciante.
Separamo-nos com certa resistência, ainda deixando nossos narizes tocarem-se e nossas respirações ofegantes fundirem-se. Thur sugou demoradamente meu lábio inferior, finalizando com uma mordida leve, sorrindo daquele jeito galanteador.
- Eu acho que tenho um lugar para te levar. - disse, desvencilhando-se de minha boca e me abraçando de lado pela cintura.
- Que lugar? - perguntei, começando a andar em direção à sua divina Land Rover, meu braço rodeando sua cintura.
- Segredo. - disse Thur colocando o dedo indicador sobre os lábios. O eco do meu salto batendo contra o concreto era o único som ouvido naquela garagem estranhamente silenciosa. Havia muito poucos carros estacionados, o que era plausível num dia de fim de semana ao meio-dia, visto que estávamos em um prédio comercial. Suspirei fundo, soltando o ar com força, relaxando meus músculos tensos.
- O que foi? - perguntou.
- Nada.
-Vamos fazer assim, eu vou te perguntar de novo e você me responde a verdade. - ele disse sério - O que foi?
- Nada que...
- Lu, confia em mim. Eu não sou mais um monstro. - falou com as sobrancelhas clementes. Deixei meu olhar descansar no seu, procurando conforto.
- Eu só estava percebendo que hoje é fim de semana, há poucos carros na garagem e...
- É a conferência, não é? - perguntou-me, parando de andar. Seu carro já estava na nossa frente. Encostei-me no capô, baixando a cabeça. Será que pelo fato de eu ter mergulhado em seus olhos ele acabou por ler a minha mente?
- É meio problemática essa história, mas eu não queria conversar sobre isso. - sorri fraco - Diga-me, quais são seus planos?
*


As nuvens pairavam no céu, este pincelado com seu cinza triste. O cheiro do mar - e dos sais ali dissolvidos - era extasiante, principalmente por se fundir com o perfume de Thur, que estava ao meu lado. Estávamos em uma praia praticamente deserta; Thur havia dirigido algumas horas para que chegássemos aquele lugar divino e tenha certeza de que ele teve alguns vários problemas para me convencer a fazer isso, a vir aqui. Meu argumento 'Eu tenho que trabalhar na segunda' foi simplesmente vencido por 'Eu sou seu chefe, quem manda sou eu.' - e nada de pensar que para mim aquilo não fora bom. Um fim de semana numa praia com Aguiar, my boss. Eu não me importava que ele estivesse sendo mandão e blábláblá, para mim tudo estava ótimo; incrivelmente ótimo. O horário, bem, eu arriscaria umas cinco horas da tarde. O sol já não sobressaia às nuvens e logo ele não estaria mais lá, o dia escurecia; os postes da periferia já estavam ligados, iluminando as vielas que se faziam por entre o chão de pedras.
A água do mar era escura, esverdeada e mastigava dolorosamente as pedras, debatendo-se contra elas. Nessas pedras ante o mar raivoso estávamos sentados eu e ele; na mesma posição, pernas esticadas, braços suportando os pesos para que não caíssemos para trás. Meus saltos urbanos e os sapatos sociais do meu chefe estavam descansados sobre um pequeno banco de areia branca ali perto. Meus cabelos dançavam esvoaçantes, caindo em meu rosto; Aguiar tirou os fios que ricocheteavam minha pele facial, forçando os dedos ásperos suavemente sobre minhas bochechas:
- Gostou daqui? - perguntou.
- É lindo... - respondi, deixando um sorriso invadir meus lábios secos - Obrigada por me mostrar isso aqui. - acrescentei.
Enxergando-o com minha visão periférica, senti seu rosto virar para o meu.
- De nada - disse ele dando de ombros e voltando a encarar a paisagem. Suspirei fundo, deixando o ar limpo do vento frio e forte - que se debatia contra meu corpo - entrar em meus pulmões.
- Eu gosto desse cheiro. - comentei - de mar, de sal, de água, de palmeira... e de pedra úmida.
- Também gosto. - disse sorrindo, provavelmente surpreso com minha capacidade de distinguir tais perfumes - Costumo vir aqui aos fins de semana, sabe... Para espairecer.
Lembrei-me de que Thur quase nunca comparecia à impressão da revista, então era aqui que ele vinha. Interessante.
- O único lugar o qual costumo sair para espairecer começa com P e termina com B, têm três letras.
- Pub?
- Garotinho esperto você. - ri - Isso mesmo.
- Nem sabia que você costumava beber, é sempre tão politicamente correta. - disse Thur, arqueando perfeitamente uma das sobrancelhas. Virei meu rosto para ele e passamos a nos encarar.
- A bebida me dá a felicidade instantânea e amigos, esses que nunca tive. - disse simplesmente, lutando contra o azul dos seus olhos - é só uma válvula de escape, mas não a uso muito frequentemente.
- Logo você? Digo... Eu vejo o pessoal do trabalho sempre procurando ser seu amigo...
- Não costumo confiar em qualquer um. - interrompi-o.
- Talvez seja isso que te deixe assim, sozinha.
- Talvez seja isso que me torne seletiva. - retruquei dando uma piscadela e voltando a encarar o mar selvagem. Via as ondas debatendo-se cada vez com mais força nas pedras, mas mesmo diante de tal provocação ambienta, eu estava impassivelmente calma, relaxada. Isso era evidente nos meus músculos faciais, estranhamente descontraídos.
Thur riu alto e copiou o meu gesto, também voltando a encarar o mar verde e espumoso.
- Não entendi a risada. - retruquei.
- Você acabou de dizer que confia em mim e que eu não sou qualquer um. - disse em tom convencido.
Sorri sem graça, sempre esqueço de ler minhas próprias entrelinhas quando estou com ele. Muito problemático, eu sei. Baixei a cabeça e mordi meu lábio inferior.
- Eu gosto de você, - admiti quase num sussurro. - só não sei se isso é bom ou ruim.
Sorrindo largamente, Thur virou meu rosto para si, segurando meu queixo com seus dedos gélidos. Logo sua respiração soltava um filete de ar quente perto da minha boca.
- Acho que agora você já pode dizer que a recíproca é verdadeira, tá no script. - sussurrei risonha, talvez um pouco nervosa também, mas não deixando transparecer.
- Intensamente v... - a fala de Thur fora interrompida por uma grossa gota d'água que caiu no exato espaço entre nossas bocas. Ambos olhamos para o céu, deparando-se com uma chuva orográfica digna do litoral inglês; uma chuva fraca e duradoura. A água fria reanimava espasmos corporais de ambas as partes e o vento havia se tornado um inimigo em nossas vidas. A camisa social de Thur encharcava aos poucos, grudando em seu tronco másculo; e o mesmo acontecia com a camisa quadriculada que eu vestia.
Momento pós-insight, sorri maliciosa e passei a desabotoar minha camisa, levantando-me, explicitando minha nudez e o sutiã branco, o mesmo do dia anterior.
- O que você está fazendo, mulher? - perguntou-me confuso.
Não respondi, apenas sorri mais largamente, provocante, e mordi levemente minha própria língua, de um jeito maroto, moleque. Deixei que a blusa escorregasse pelos meus ombros, caindo pela minha cintura e puxando-a para fora do corpo. Vi a boca dele se abrir levemente num O perfeito e seus olhos brilhares em luxúria e tesão; não podia ser diferente. Era eu, uma mulher com apenas um sutiã branco molhado sobre seios jovens, um corpo molhado pela mais gelada água doce e algo o qual eu chamei de saia, cobrindo apenas o que tinha que cobrir (entretanto eu tinha certeza de que Thur já imaginava que aquele pedaço de pano havia perdido sua utilidade).
Chamei-o com o dedo, fazendo-o levantar perigosamente perto do meu corpo - e vagarosamente.
- Sempre surpreendente - falou com sua voz sensualmente masculina. Que tipo de voz era aquela? Será que existia algo mais torturante que a completa hipnose de um Deus Grego? Um Deus louco por mim. Por mim, eu, Lua Blanco. A design, a funcionária, a nada mais. Adorável.
Os lábios de Thur desenhavam os contornos da minha barriga e sua língua deslizava toda aquela temperatura impossivelmente gostosa por toda aquela extensão. Aos poucos se levantava, chegando ao meu colo e pescoço - depositando algumas mordidas aqui - enfim aos meus lábios, enfim em pé. Beijamo-nos com uma calma simples, as línguas se movimentavam em uma sincronia perfeita, como se ouvissem uma mesma melodia e dançassem conforme a música.
Aos poucos fomos largando as respectivas bocas, o frio estava cada vez mais latente.
- Tire a blusa também. - disse sorrindo enquanto nossos lábios ainda se tocavam.
- Por quê? - perguntou desconfiado.
- O calor passa melhor de um corpo pro outro se você tirar essa blusa gelada.
- Ah... - riu - entendo.
Thur logo tirou aquela blusa (irritante) e chocou seu tronco nu com o meu, fazendo-me arrepiar e soltar um gemido abafado.
- Melhor. - disse em seu ouvido. Em questão de milésimos de segundos nossos lábios estavam colados de novo; minhas mãos passeavam pelas suas costas, vez ou outra descansando sobre a barra da sua calça; as dele estavam completamente indecisas, ele as deslizava facilmente por toda extensão possível do meu corpo. Sentia-o excitar cada vez mais e o beijo não estava mais em uma melodia calma. Sugeria um rock como trilha sonora ou uma daquelas músicas techno que estimulam pessoas drogadas a ficar mais doidas ainda. - Acho que não tá funcionando muito. - interrompi o beijo, fazendo-o bufar.
- E você, por acaso, tem alguma sugestão?
- É claro, sou a melhor funcionária, certo? - sorri convencida - O plano B é usar atrito. Não sei se você me entende, mas atrito produz calor.
Thur tinha seus olhos fixos nos meus e um sorriso bobo nos lábios. Eu podia ler toda a sua mente, ele não precisou dizer nada. Soltamo-nos, catamos as blusas e sapatos e seguimos em direção à linda e adorável Land Rover. Por troca de olhares havíamos trocado a seguinte mensagem: Vamos testar a suspensão do carro.


Creditos: Fanfics Obession


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