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sexta-feira, 18 de julho de 2014

O melhor pra mim




capitulo 22 e 23




Sexta-feira, dia 6 de Novembro, 9:13, meu quarto.
Lua:
Acordei com alguns passarinhos piando lá fora. Abri os olhos e meu quarto estava um breu. Olhei no relógio: 9:13. Dei um pulo da cama. Por que meu pai não havia me acordado?
Ah, claro, ele ainda estava muito puto comigo pra manter qualquer tipo de contato direto.
Levantei-me da cama e abri a janela, sendo atingida por uma claridade absurda. Tirei minha calça jeans e minha segunda pele, ficando só de calcinha e sutiã. Peguei meu celular em cima do criado-mudo e abri as quatro mensagens de texto. A primeira era da Sophia e dizia: “E aí, morreu e esqueceu de avisar?”, a segunda era Mel, e era mais direta: “Vc ñ vem pra escola vaquita?”, a terceira era de Rayanna e dizia: “Hahahaha, acabei de ver um casal de anões na rua enquanto vinha pra escola!!!”, e a quarta e última mensagem era de ninguém mais, ninguém menos do que Thur. “Precisa que alguém vá te salvar?”
Ri sozinha, enquanto procurava uma toalha pra tomar banho.
"Ainda não cheguei a esse ponto, mas precisava de um cigarro mais que tudo nesse mundo!" respondi, deixando o celular em cima da cama e indo tomar banho.
Pelo menos aquela festa havia trazido consequencias boas ao invés de só ruins. Agora eu sabia que Thur se preocupava comigo. A questão era: Ele se preocupava por interesse ou de verdade?

Capítulo 8 - Pegou pesado!
Sexta-feira, dia 6 de Novembro, 10:37, intervalo do Elite Way.
Guys:
- Eu não acredito nisso! - Pedro exclamou, olhando Rayanna descer as escadas para o outro pátio com Mel e Sophia. - Sério, acho que essa foi a coisa mais bizarra que já me aconteceu! Eu fiquei com a última pessoa do mundo que pensei que ficaria e não me lembro de absolutamente nada! Agora não sei se foi bom, se foi ruim, se eu gostei, se eu odiei…
- Relaxa, velho, o churras do Micael é amanhã, você tem o dia inteiro pra descobrir! - Micael disse.
- É isso o que você pretende fazer, Borges? - Chay perguntou, arrancando algumas risadas de Pedro.
- Vai se foder, Chay, a Mel tava se jogando em cima de você e você não fez nada, nem vem tirar uma com a minha cara… - ele murmurou, estressado, pois estávamos zoando com ele desde a primeira aula.
Eu ri e abaixei os olhos, abrindo o celular quando o senti vibrar. Havia respondido à Lua que eu tinha um maço fechado de cigarros e só daria à ela se ela viesse maquiada para a escola, como seu primeiro teste, e ela havia acabado de responder: “Estou estacionando, pode tirar o maço da bolsa!”. Guardei o celular no bolso e levantei os olhos, procurando por ela, mas ao invés de encontrá-la, encontrei Pérola,Michel, Kátia,
Fábio e Carlos, alguns dos nossos amigos do terceiro ano, andando em nossa direção.
Engoli a seco. Aqueles eram meus “amigos” de longa data. Aqueles que ferrariam com a minha reputação se encontrassem qualquer coisa de errado nas minhas atitudes ou amizades.
Engoli mais uma vez a seco.
Algo daria muito errado naquela situação. Eu sabia que daria.
- Arthur Aguiar, o queridinho do Brasil! – Faábio exclamou, me cumprimentando. Pérola sentou-se ao meu lado, depois de cumprimentar todos os guys, e quando percebi, todos estavam sentados em volta de nós. - Quando vocês vão começar a tocar nas rádios, eim!? Pra eu poder dizer que tenho um amigo famoso!
- Ah, cara, espero que logo. - respondi, olhando mais para o pátio do que para ele. De longe, avistei Lua atravessar os portões com a mochila nas costas e vários livros nas mãos. Logo de cara percebi seu All Star preto básico surrado e seu uniforme um pouco mais feminino, mesmo que ainda fosse alguns números maiores. Seu cabelo, agora com alguns fios meio dourados, brilhava embaixo do Sol e seu rosto estava impecavelmente maquiado.
Uma gata!
Eu não disse isso. Não mesmo.
Olhei para o pessoal que havia se juntado na mesa. Eles conversavam sobre o que teriam que levar ao churrasco de Micael. Olhei novamente para ela, que agora havia me visto e acenado discretamente com a cabeça, andando em minha direção. Olhei novamente para o pessoal, e agora eles olhavam para onde eu olhava.
Ai Jesus, ai Jesus, ai Jesus!
Eu teria coragem de fazer o que meus amigos queriam que eu fizesse depois de ter ferrado com sua vida com a festa da noite anterior? Depois de toda a ajuda que ela estava dando? Depois de pensar nela por um bom tempo antes de dormir?
Opa, contei.
- Por que a esquisita tá vindo pra cá? – Kátia perguntou, se olhando num espelhinho de bolsa.
- Sei lá, ela tem uma espécie de fixação por mim. - menti, sentindo gotículas de suor se formarem em minha nuca. Olhei para os guys, que me olhavam desacreditados. Dei de ombros, desviando meu olhar do olhar de censura deles.
- Que loser. – Carlos comentou, agora fixado nela.
- É… - concordei, rezando mentalmente para que ela mudasse de ideia e fosse embora. - Mas e aí, vamos para outro lugar? - perguntei, balançando minha perna de nervosismo. Lua estava se aproximando e uma bola do tamanho de uma melancia se formou no meu estômago. - Aqui tá muito sol!
- Não, agora eu quero ver o que vai acontecer aqui! – Michel comentou, com maldade nos olhos.
A cada passo que ela dava meu coração se acelerava mais. Eu suava frio. Sabia o que faria se ela falasse comigo na frente de todas aquelas pessoas. Faria o mesmo que sempre havia feito com todos que tentavam se aproximar de mim e do meu grupo: Seria grosso, nojento e idiota.
Mas por que tinha que ser ela? Por que ela não percebia que algo estava errado e ia embora?
Ela sabia da minha reputação, viu quem estava ao meu lado, por que simplesmente não ia EMBORA?
Apertei as têmporas com os dedos.
Talvez ela pensasse que tudo o que falavam sobre mim fosse mentira, porque nunca havia falado comigo antes de eu ter precisado dela, então meus alvos de zombações eram outros, e seu nome e de suas amigas só entravam em pauta quando nos cansávamos de zoar as mesmas pessoas. E agora ela estava ali, chegando perto de mim, e eu sabia que iria magoar a única menina que fora boa comigo sem segundas intenções.
Era demais pra mim. Eu teria um infarto ali mesmo.
- Oi, Thur. - ela finalmente disse, ignorando as risadinhas que ecoaram na mesa. Sabia que os olhares dos guys estavam cravados nas minhas costas, porque Lua já havia se tornado uma grande amiga em menos de uma semana, e eu sabia que eles não iriam se meter na conversa, mas esperavam uma reação de homem vinda de mim, não de garoto.
Que eu tinha certeza que não conseguiria dar. Não em frente àquelas pessoas.
Entre homem e saco de pipocas, naquela situação eu escolheria a segunda sem pestanejar!
Fábio, o mais centrado de todos ali, viu que aquilo não seria legal e comentou:
- Se eu fosse você iria embora daqui.
Olhei para ela, suplicando para que ela entendesse o recado e saísse dali o mais rápido possível, mas ela simplesmente me olhou nos olhos, como se não estivesse entendendo nada.
Então eu soltei, de uma vez só:
- Tá falando comigo? - perguntei, levantando a sobrancelha.Kátia e Pérola soltaram uma gargalhada gostosa, e Carlos e Michel sorriram sarcásticos.
- Acho que não tem nenhum outro Thur por aqui. - ela disse, começando a sacar o que estava rolando. Deu um passo pra trás, na defesa.
- Bom, se está querendo falar com esse Thur aqui, está perdendo seu tempo. - comentei, entortando a boca num sorriso. - Ele não está interessado.
- Uuuuuh! - Carlos e Michel soltaram ao mesmo tempo, Fábiobufou, virando os olhos, e Kátia e Pérola se contorciam de tanto dar risada.
Senti as mãos de Micael nos meus ombros, me censurando, mas agora que havia começado, não voltaria atrás.
- Por que você não volta pro seu pátio de perdedores que lá é o seu lugar e deixa quem é agradável aos olhos aqui no pátio de cima? - perguntei, rindo. Quando vi que os quatro riam tanto ao ponto de fechar os olhos, fechei o rosto e olhei para ela, tentando explicar o que estava acontecendo. Mas com certeza ela não entenderia minha situação. Quero dizer, eu estava sendo um belo de um canalha pra manter o status quo, sendo que ela, a pessoa que mais estava me ajudando no últimos dias, estava sendo magoada.
- Me desculpe por atrapalhar. - ela murmurou, trincando o maxilar e puxando de volta uma gota d’água que quase escorrera por seu rosto. - Não pretendo mais ocupar seu tempo.
Então ela se virou e foi embora, pisando duro.
- Ai, caralho, Thur, você é foda! – Michel disse, ainda rindo.
- Thur, preciso ir. - Pérola anunciou, levantando-se e me dando um beijo no canto da boca. - Me liga mais tarde. - terminou, sussurrando. Kátia foi com ela e as duas sumiram entre as pessoas. Logo um Fábio emburrado, Carlos e Michel foram também, me deixando sozinho com Micael, Pedro e Chay.
Virei-me para eles, já esperando a bronca.
- Cara… - Micael começou, mas segurou a língua.
- É, eu sei, eu fui um animal. - eu disse, suspirando. - Mas o que eu poderia fazer?
- O que você poderia não ter feito, não é, Thur? - Chay disse, visivelmente estressado. - Eu sei que a gente vive zoando o pessoal, mas nunca humilhamos alguém desse jeito. Ela não merecia isso, é uma garota legal com um ótimo coração,
- É, velho, sou seu amigo, mas dessa vez você foi muito escroto. - Pedro disse.
Fiquei quieto, pensando na besteira que havia feito. O sinal bateu e nos levantamos. Fui atrás dos guys, com as mãos nos bolsos, pensativo. Será que meus “amigos”, que nunca haviam feito nada para me ajudar, valiam tudo aquilo? Uma posição idiota na escola era o suficiente para fazer com que eu magoasse uma pessoa tão especial!?
Eu era assim tão idiota?
- Falou, gente. - Chay disse, assim que chegamos no primeiro andar. Ele e Pedro tinham geografia, Micael tinha psicologia e eu tinha educação física. - E, vê se pede desculpas pra Lu!
- É, cara, foi mancada. - Pedro concordou.
- Pegou pesado demais, Thur. - Micael terminou, antes de me deixar ali sozinho, com o maior peso na consiencia.

O que eu tinha feito?


continua....




Um comentário:

  1. +++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++

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