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sexta-feira, 1 de agosto de 2014

O melhor pra mim

capitulo 30 




Sexta-feira, dia 6 de Novembro, 16:14, meu quarto.
Thur:
Depois que saí do shopping, voltei ao colégio, parando no portão do ensino fundamental. Saí do carro e me apoiei na porta, esperando Carla , que sairia em 3 minutos.
Ouvi o sinal bater e o primeiro grupo de alunos saiu. Algumas garotas se cutucavam e apontavam para mim, e eu pude ouvir “ele estava vendo Alana no vestiário” sair da boca de uma delas. Sorri para duas amigas de Carla , que saíram rindo, e percebi que minha reputação estava manchada depois do episódio Alana-no-vestiário.
Mas eu merecia.
Avistei minha irmã saindo com um garoto ao seu lado. Ele era alto e meio magrelo, seu cabelo era de um loiro escuro daquele tipo “bagunçado de propósito” e seus olhos verdes olhavam para ela com interesse. Ele levava os seus livros e os dois dividiam um fone de ouvido, rindo da música que tocava no fundo.
Apertei os olhos, pronto para o ataque. Quem aquele idiota pensava que era para dar em cima da minha irmãzinha?
Meus olhos encontraram o de Carla , e ela pegou os livros do garoto e soltou o fone de ouvido, correndo em minha direção.
- Thur! - ela exclamou, jogando os livros dentro do carro pela janela aberta e me abraçando.
- Meu Deus, nem parece que eu te levei pra escola hoje de manhã! - disse, abraçando-a de volta.
- Estou feliz em saber que não vou ter que voltar a pé pra casa. - ela assumiu, rindo.
- Gordinha! - disse, apertando sua barriga.
- Para, idiota! - ela riu. - E aí, o que você tá fazendo aqui?
- Vim te buscar, mas parece que você já tem companhia melhor… - murmurei, apontando para o garoto que estava descendo as escadas com ela, que agora conversava com um grupo de garotos.
- Bernardo? - ela perguntou, ainda rindo. - É um intercambista da França, só estou sendo simpática!
- Ahã, e eu nasci ontem. - disse, destravando o carro. - Entra aí.
Carla deu a volta e sentou-se no banco de passageiro, ligando o rádio baixinho logo em seguida. Sentei-me ao seu lado e dei partida no carro.
- Tá, no que você se meteu dessa vez? - ela perguntou.
- Mulheres… - suspirei. - Uma em especial.
- Uau, meu maninho apaixonado? - ela perguntou, surpresa. - Essa é novidade! Quem é a sortuda?
- Não é nada disso! - exclamei, embora não tivesse tanta certeza. - É uma amiga, mas eu me queimei com ela e agora ela não quer me perdoar!
Fui o caminho inteiro contando o que havia acontecido entre eu e Lua, desde que pedira sua ajuda até o beijo de mais cedo. Quando acabei de contar a história, estava estacionando na garagem da sua república.
- E agora ela não quer mais me ver nem pintado de ouro, e eu preciso da ajuda dela. - terminei, observando Carla me olhar com um sorrisinho de canto da boca. - O quê?
- Meu irmãozinho apaixonado! - ela exclamou. - Nunca pensei que isso fosse acontecer! Ela deve ser especial mesmo… Lua… Um bom nome pra minha futura cunhada.
- Cala boca, Carla , não viaja! - disse, virando os olhos. - Como eu poderia me apaixonar por uma garota que não tem nada a ver comigo?
- E o beijo? Como você explica o beijo? - ela perguntou, cínica.
- Foi só para calar sua boca! - respondi, dando de ombros.
- Bom, eu sei que você nunca vai admitir, mas se quer mesmo ouvir o conselho de uma garota, vai atrás dela e implora! Se não você vai perder a ajuda com a banda e a “amiga”. - ela desenhou aspas no ar durante a palavra amiga.
- E como eu faço isso? - perguntei, ignorando seu sarcasmo.
- Vai atrás dela. Agora! - ela completou, vendo minha cara de idiota. Depois saiu do carro num pulo e mandou um beijo no ar para mim. - Obrigado pela carona, Thurzinho!
Carla sumiu pela porta da casa e eu dei partida no carro.
E era por isso que eu estava ali, na frente de Lua, que usava um conjunto de moletom cinza e duas olheiras roxas embaixo dos olhos.
- Oi. - murmurei, sem saber ao certo o que dizer. Estava com vergonha por estar ali sem saber exatamente o porquê, mas não daria para trás. No bom sentido. Não daria pra trás no mal sentido também, não. Mas isso é óbvio.
O engraçado era que se fosse alguma loirinha peituda do colégio que eu tivesse passado a noite, não estaria com a vergonha que estava na frente de Lua. Eu estava daquele jeito por causa de um beijo?
Carla estava certa? Eu estava apaixonado? Por Lua Blanco?
De jeito nenhum!
Ou de algum jeito…
- O que você quer aqui? - ela perguntou, seca, apoiando-se no batente da porta. - Se meu pai te encontrar aqui ele manda te prender, e você sabe muito bem disso.
- E estou pouco me fodendo pro seu pai - disse, e ela não se manifestou. -, e só saio daqui se você disser que vai voltar a ser minha amiga.
Lua olhou de um lado para o outro, saindo da casa e encostando a porta.
- O que você realmente quer comigo, Thur? - ela perguntou, com os olhos fixos aos meus. – Por que não me deixa em paz e procura outra idiota pra atormentar? Por que eu fui a escolhida da vez?
- Sei lá… Destino? - perguntei, irônico.
- E foi o destino que me beijou hoje? - ela quis saber, sem expressão no rosto, dessa vez me deixando sem saber o que responder.
Era óbvio que eu queria beijá-la. Mas há quanto tempo? E por quê?
- Não. - respondi, olhando dentro dos seus olhos, sentindo a mesma sensação de perda que sentira mais cedo, antes de beijá-la. - Fui eu.
- E por que você fez isso? Sou só mais uma conquista ou você queria me beijar? - ela perguntou, abaixando os olhos pela primeira vez.
Olhei em volta, envergonhado. Não sabia o que responder! Por todos aqueles anos Lua era uma criatura nula na minha vida, vivendo no seu mundinho, enquanto eu vivia no meu. O que eu deveria responder àquela pergunta? Era inusitado demais para mim! E se eu respondesse errado? E se ela tomasse minha resposta como uma coisa ruim e resolvesse me apagar da sua vida de uma vez?
Agora que ela tinha nas mãos boa parte do meu futuro, e boa parte dos meus pensamentos, seria prudente dizer a verdade? Seria prudente dizer que talvez eu tivesse mais do que interesses “profissionais” nela?
E, mais importante do que isso: Eu teria coragem de admitir que ela era mais do que qualquer uma pra mim, sendo que nunca o havia feito na vida?
- Eu… - olhei para baixo. - Não sei.
Lua deixou escapar um suspiro de impaciência.
- Então só venha conversar comigo quando se decidir. - ela disse, e eu encarei seus olhos nervosos. - Não tenho vocação pra idiota. E não se preocupe, não vou quebrar minha promessa.
Ela se virou de costas e entrou em casa, colocando a mão na porta para fechá-la, mas eu a fiz parar com uma pergunta.
- Só eu tenho que dar meu parecer? - perguntei, começando a ficar irritado. - E você? Porque pelo o que eu percebi você gostou do beijo!
- Como você é prepotente! - ela exclamou, arregalando os olhos. - Será que você ainda não percebeu que o mundo NÃO gira em torno do seu umbigo?
- Nossa, como cansa tentar argumentar com você… - eu disse, virando os olhos. - Só você está certa, só você sabe das coisas… Da onde eu venho isso se chama arrogância.
- Por que você não vai se foder? - ela perguntou, quase gritando.
- Olha só, por falta de argumento você me xinga… Bem maduro isso, viu? - disse, irônico.
- Só dirija a palavra para mim novamente quando tiver algo interessante a dizer. - ela murmurou, sombria, antes de bater a porta na minha cara.
É, as coisas iam de mau a pior…


continua....


 

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