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segunda-feira, 28 de outubro de 2013

The Divide

                                    

Capitulo 5




Capitulo 5  p.1- Onde fica a saída, por favor?
Eu passei a manhã e toda a tarde conhecendo as dependências da casa, sozinha. A sala de estar ficava em um grande cômodo próximo ao hall de entrada e tinha belos sofá e poltronas. Uma televisão imensa, um exagero, que era sustentada por um sofisticado móvel, aliás tudo ali era altamente sofisticado. Tinha também sala de jogos, que parecia um parque caro, como ... sei lá, Walt Disney, com direito a carrinho bate-bate e maquinas de pinball. 
Eu fiquei imaginando o porquê daquela sala, se ninguém, absolutamente ninguém jogava nada naquela casa, aliás o dono ficou fora o dia todo, devia ter ido trabalhar, supus. Possuía também uma sala de ginástica, com instrumentos de malhação dos mais diferenciados possíveis. Esteiras, bicicletas ergométricas, pesos, barras, espelhos enormes, enfim, tudo. Era quase uma academia dentro de casa. Tinha também uma sala, na verdade era um ginásio, sei lá, com uma piscina olímpica, que parecia extremamente funda, com chuveiros em volta, era sem duvidas uma senhora casa. 
Mas o silêncio dela me perturbava um pouco, como uma casa dessas era tão vazia? Sei lá. 
E tinha muito mais, como sala de jantar, sala de reunião, biblioteca, quartos, muitos quartos, só os que eu contei foram 12, enfim, era um palácio. E claro, tinha uma sala em especial que eu adorei encontrar: O escritório do todo poderoso. Eu logo notei que era dele ,devido a alguns papeis da empresa NBA, que o Pedro havia comentado, então pensei que seria ali onde ele trabalhava. Hum, era bom saber.Mas para não ser pega fuxicando a vida do homem, eu logo saí. E quando eu finalmente voltei para o Hall, caminhando em direção a cozinha, encontrei Katia, que parecia bem melhor do que no episodio da manhã. Ela já tinha uma expressão sorridente, sem muitos esforços, ela era agradável. 
Ela se movimentava facilmente diante do fogão, com um avental na cintura e os cabelos louros segurados por uma touca branca. Ela cantava baixinho, uma musica que eu não sabia identificar, e eu não falei nada, apenas entrei na cozinha e me sentei a mesa, sem deixar que ela me visse. 
Ela fazia vários pratos ao mesmo tempo e eu torcia para que não servisse aquelas comidas estranhas que geralmente vemos na televisão, que os ricos comem, e eu fiz um ‘eca’ de nojo, que chamou a atenção dela:
Katia:Lu, sweetie, you’re here! How are you today?( Lua, querida, você está aqui! Como você está hoje?) - ela sorria, mas não me olhava, continuava fazendo suas comidas. 
E eu não sabia o que dizer. Apenas a olhava. 
Katia: I know that you don’t understand me, and i’m sad about it. But, that’s ok, Pedro told me that you will learn english with a Teacher, that’s an amazing thing.(Eu sei que você não me entende, e eu estou triste com isso. Mas, tudo bem, Pedro disse-me que você vai aprender Inglês com um professor, que é uma coisa incrível.)
Eu a ouvia, mas não entendia nada, e ri assim mesmo. 
Katia: But now, mister Aguiar is coming for dinner. (Mas agora, senhor Aguiar está chegando para o jantar.)
Ela engrossou a voz e apontou para o relógio que estava pendurado na parede, em cima do fogão. Eu não entendi o que ela falou, mas pensei que fosse a hora do jantar porque marcava 20:00 na noite.

Eu sorri positivamente, e internamente me envergonhei por não aprender nada na escola. Para ajuda-la eu pegava as tigelas de salada eu as carregava para a sala de Jantar que ficava próximo a cozinha, fazendo assim várias viagens com comidas para facilitar o trabalho da Katia. Ela tinha feito lasanha, varias saladas e arroz, feijão, como comida brasileira. Talvez porque eu estivesse ali, pensei. Quando eu terminei de organizar tudo na mesa, ela venho com os talheres numa bandeja, e quando se deparou com a mesa, riu alegremente, e pronunciou algo. 
Eu fiquei confusa, mas ela não brigou, só aprontou-se para organizar tudo de novo, e logo eu percebi que tinha trocado todas as posições da comida. Que coisa mais besta, eu pensei, mas rico era assim! Depois de alguns minutos a mesa esta linda. Não era uma mesa gigantesca como nos filmes, era um pouco menor, mas muito bem arrumada pela Katia.
 
Nós a olhávamos ela arrumada, e eu fui para perto de Katia e lhe dei um abraço forte, em forma de agradecimento, pelas roupas e por ser gentil comigo. Ela olhou nos meus olhos e sorriu, até que Pedro apareceu na porta da sala:
 
Pedro: Can I take a picture ? – ele ria. – Será que eu posso tirar uma foto dessa imagem?
Eu me assustei quando a voz dele ecoou pela sala, e em seguida ri, soltando a Katia, que também ria.
Pedro: Bom, está na hora do jantar.
 
Sua expressão se neutralizou, e eu o olhei mais seriamente.
Pedro: E ele chegou para jantar!

Eu retirei qualquer vestígio de sorriso que ainda estampava meu rosto, e olhei para cada detalhes da expressão de Pedro. Tentando captar explicações para o que ele acabara de dizer, mas uma coisa que já notara era que ele sempre desviava o olhar quando se sentia pressionado, e tanto nervoso só tinha um motivo: Ele estava lá.                       
Rapidamente, toda a pontinha de alegria que eu senti naquele dia e nos últimos instantes de esvaíram com o vento, e eu já nem me lembrava mais o porque estava feliz, se meu pai estava morto. Talvez porque toda vez que eu olhasse na cara dele, eu lembraria da agonia que eu e meu pai sentimos, eu lembraria o quanto meu pai pediu desculpas e o olhar dele, de repulsa e lastima sobre nós.
Eu olhei de volta para Katia, que ainda sorria sem entender nada, e ao olhar para Pedro, ele já se aprontava em dizer:
 
Pedro: Você deve comer aqui, com o ele.
 
Lua: Mas e quanto a vocês?
 
Pedro: Nós? Empregados na mesma mesa que o patrão? Onde você viu isso, criança? - 
Ele sorriu.
 
Era impressionante a habilidade que o Pedro tinha de sempre fazer uma piada com a minha situação. Eu odiava isso as vezes. Ele fez um sinal para Katia, que logo passou por mim e se juntou a ele:
 
Pedro: Ele já deve estar terminando o banho. Logo estará aqui.
 
Lua: Eu não posso ficar com ele, seu Pedro. Não tem cabimento.
 
Ele me olhou e entortou a boca.
 
Pedro: Já não falamos sobre isso hoje, Lu? Porque não faz dar certo?
Capitulo 5 parte 2

Ele piscou e quando eu dei por mim, já estava deixando a sala junto com Katia.
 
E o que ele queria dizer com: Fazer dar certo? Fazer dar certo o quê? O meu casamento? Só podia ser palhaçada. Eu não ia fazer parte daquela baboseira, ela o cúmulo do absurdo eu ter que jantar com ele.
 
Eu me virei bruscamente, para ir embora daquela sala, mas antes que eu pudesse dar mais um passo, eu já estava parado à minha frente a menos de um passo de mim. O susto foi tão grande que eu cheguei a escorregar, mas logo me equilibrei, o olhando como um cão feroz, sentindo meu coração pular de medo dentro do peito:             
 
Arthur: Eu assustei você?

Ele disse baixo, quase sussurrou. Apertando aqueles olhos castanhos em cima de mim, e direcionando o sotaque americano a minha pessoa. Eu me recompus, a altura. Ergui o corpo, ereta, o olhando de cima, como ele fazia comigo, e tentava não correr de medo: 
Lua: Se o senhor me permite, eu vou me recolher.
 
Eu ignorei a sua pergunta. E passei por ele, esbarrando propositalmente no seu ombro, me encaminhando até a saída, mas antes que eu pudesse dar o terceiro passo, ele protestou:
 
Arthur: Eu não permito. Como pôde ver, o jantar está servido.
 
Eu parei, e me virei rapidamente. E ele ainda estava do mesmo jeito com segundos atrás, parado, virado para o outro lado, sem mexer um músculo, com as mãos do bolso. Vestia uma calça social e uma camisa azul de botões, que não pareciam nada com roupa de casa:
 
Lua: Então, bom apetite.
 
Arthur: Humor brasileiro. Tão entediante.
Ele sussurrou e logo caminhou até a ponta da mesa, puxando uma cadeira e sentando-se. Sem olhar para mim, continuou falando:
 
Arthur: Sente-se Miss. Blanco. Suponho que temos alguns assuntos pendentes.

Hum, então nós íamos ‘conversar’. Bom, isso era alguma coisa, talvez eu conseguisse reverter aquilo tudo. 
Eu caminhei até o lado oposto da mesa, me sentando de frente e distante dele, que ajeitava uns guardanapos no seu colo, feito um velho babão. 
Arthur: Eu pedi que Katia fizesse comida brasileira, até que se acostumasse com a comida que eu como aqui. 
Lua: Eu não tenho planos de ficar aqui por muito tempo, Sr. Aguiar. 
Arthur: É mesmo? E quais são seus planos, Miss Blanco? 
Ele começava a comer qualquer peixe cru, mas ainda não me olhava, parecia desinteressado, mas como ele me perguntava coisas, eu o respondia educadamente:
Lua: Eu pretendo voltar para minha casa. 
Arthur: E com quem vai viver? 
Eu não respondi, queria achar uma resposta inteligente o suficiente para deixa-lo sem saída, enquanto isso, terminava de pôr um pequeno prato de comida para mim, e comecei a comer, calma e educadamente: 
Lua: Eu tenho parentes, senhor. Agradeço pela boa ação que teve em me dar abrigo, depois do trágico acontecimento com meu pai, mas eu já estou em condições de voltar para meu país. 
Eu sentia meu sangue pulsar no corpo, mas eu não deveria explodir, e sim dançar conforme a musica. Eu mostraria pra ele uma Lua diferente: Sem gritos, sem choros, sem xingamentos. Eu mostraria uma saída fácil para os problemas dele. 
Lua: Sei que deve estar preocupado com a minha entrada em seu pais, pois sou menor de idade, mas lhe seguro que uma vez no Brasil, eu nunca mais voltaria a perturbar o senhor, e peço desculpas pelo episódio deplorável de ontem, eu estava...fora de mim. 
Eu estava calma, e as palavras saía livremente da minha boca, mas antes que eu pudesse falar algo mais, ele levantou o rosto, e os olhos dele procuraram os meus. E por um momento, eu não acreditei que um garoto de apenas 23 anos, seria capaz de tamanha brutalidade. Cheguei até a duvidar se a cena em que meu pai foi assassinado, realmente aconteceu. Sempre quando vemos em noticiários, noticias de rapazes que fazem isso, eles são drogados ou mentalmente deficientes, mas ele não. Parecia perfeitamente normal, e era até um rapaz bonito, de olhos marcantes e cabelos bem cortados, parecia que sabia muito bem o que fazia:
Arthur: Sem mentiras, Miss Blanco. Eu sei que a senhora não tem mais ninguém no Brasil. E você não está aqui por piedade minha, está aqui porque é o pagamento da divida que seu pai me deixou. Um grande prejuízo na realidade. 
Lua: Mas senhor, o meu pai nunca lhe viu na vida. Como ele poderia estar te devendo algo?
Arthur: Eu não falo sobre meus negócios nessa casa.
 Ele desviou os olhos e continuou a comer a merda que estava comendo. 
Lua: Ele era meu pai, Sr. Aguiar. Ele lhe pergunto: O que sente toda vez que põe a cabeça no travesseiro? Acha que seus pais estão feliz com o que o senhor faz? 
Ele me olhou grosseiramente, como se eu tivesse comedido uma tremenda gafe. 
Arthur: Cale a boca! Será que você não sabe comer em silencio?

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