capitulo 26 e 27
Sexta-feira, dia 6 de Novembro, 13:17, praça de alimentação do shopping.
Girls:
- Meu Deus, acho que eu nunca ri tanto na minha vida! - Rayanna exclamou, devorando seu BigMac.
- Nem eu! - Sophia concordou, sugando sua Coca com o canudinho.
- Mas eu sei que isso não vai ficar barato. - eu
disse, já imaginando qual seria a vingança de Thur. - Mas só pela sua
cara e por todos os seus “amigos” estarem comentando sobre Thur estar
olhando Alana pelada, já ganhei meu ano! - ri mais um pouco.
Amassei meu papelzinho dos nuggets e joguei dentro da caixinha do meu quarterão.
O dia havia começado mal, mas terminara bem. Minha
vingança fora completa e muito bem bolada, e agora Thur estava humilhado
e machucado.
Não tinha como ficar melhor!
Mesmo que algo bem no fundo do meu rim dissesse que
eu não deveria ter feito aquilo, eu estava tão feliz por ter o feito
passar pelo o que havia me feito passar mais cedo que nem me importei.
Não me importei até ouvir sua voz bem de longe gritando “Blanco!”.
Virei minha cabeça, achando que estava ficando louca, mas ele estava ali, parado ao lado do Burger King, com um olhar assassino.
O que ele fez?
Me apaixonou.
Capítulo 9 - Falling, yes I am falling…
Sexta-feira, dia 6 de Novembro, 16:11, meu quarto.
Lua:
Eu nunca imaginei que algo como aquilo fosse
acontecer. Quero dizer, no máximo, imaginei que ele fosse jogar
Coca-Cola em mim e dizer que eu era uma aberração da natureza. Mas nunca
- nunquinha mesmo - pensei que Thur fosse capaz de fazer o que fez.
Bom, as aparências enganam, não é?
Era como Clara sempre dizia: “As pessoas te surpreendem a cada segundo!”
É… Surpresa era pouco!
Assim que ouvi Thur gritar meu nome, me virei na
cadeira, pensando que estava imaginando coisas. Então eu o avistei
parado, me olhando com ódio nos profundos olhos castanhos. Levantei uma
sobrancelha de desprezo, e virei-me novamente, encarando minha Coca. As
meninas se cutucaram por debaixo da mesa, apontando com o queixo para
onde Thur estava. Então Sophia sussurrou:
- Ele está vindo pra cá, Lu!
- Deixa ué, o que eu posso fazer, prendê-lo no chão? - perguntei, dando de ombros.
- A cara dele não é das melhores, Lu, acho que ele
vai te matar com a faquinha sem serra do pão! - Mel disse, arregalando
os olhos.
- Não ligo. Se ele me matar ele vai ser preso. - respondi, rindo, mas por dentro borboletas atacavam meu estômago.
Esperei durante uns bons cinco segundos, apertando
meu copo na mão. Quando ouvi sua respiração ofegante nas minhas costas,
virei-me lentamente, com medo de ser abordada por uma espingarda na
cara.
Thur estava parado, com as mãos nos bolsos e cara de mau.
- O quê? - perguntei, indiferente.
- Quero falar com você. - ele respondeu baixinho.
- Pode falar. - disse, sorrindo sarcástica.
- Sozinho. - ele disse, com os dentes cerrados.
Olhei para as meninas, que discretamente fizeram que sim com a cabeça.
- Bom, eu já volto. - disse em voz alta, me levantando. Coloquei a mochila nas costas e peguei meu fichário na mesa.
Thur foi na frente, andando com passos largos, e eu
fui atrás, rezando 10 pais-nossos e 5 ave-marias, pedindo para que ele
não fosse um psicopata que me mataria com nada mais do que uma colher de
sopa.
Ele foi até a entrada do shopping, depois de descer
dois lances de escada rolante, e virou à direita, contornando a
construção. Quanto mais ele se afastava, mas eu me arrependia de ter
aceitado ajudá-lo desde o princípio. Se eu não tivesse cedido aos meus
hormônios no começo de tudo, não teria metade dos problemas que estava
tendo, como os estagiários da minha mãe me ligando e perguntando qual
rádio era melhor para colocar o Phoenix depois da meia-noite, meus
professores falando que eu estava distante, minhas amigas me enchendo o
saco pela minha aparente “paixonite” por ele, meu pai brigado comigo e
minha morte previsível, atrás do shopping municipal.
Chegamos aos fundos, e ele parou.
Adeus pai, adeus amigas, adeus vida!
- Pode falar. - eu disse, tentando ser durona, mas a única coisa que eu queria era sair correndo dali.
- Eu queria… Bem… - ele tossiu, visivelmente
conturbado. - Queria te pedir desculpas. - ele finalmente conseguiu
terminar a frase.
Pera aí…
Ele… O quê?
- Desculpas? - perguntei, me certificando de que não estava ouvindo coisas.
- Sim, desculpas, sabe quando você dá uma mancada,
mas gosta muito da pessoa e quer que ela te perdoe? - ele perguntou,
falando bem devagar, como se eu fosse uma criança.
Ele disse algo depois disso, mas eu parei no “gosta muito de uma pessoa e quer que ela te perdoe?”.
Ele gostava de mim?
Arthur Aguiar gostava de mim?
- Não pareceu hoje de manhã. - disse, com a voz afetada.
- Eu sei, eu fui um completo idiota… - ele disse, abaixando o rosto.
- Foi. - respondi, com o meu jeito grossa de ser. - Mas eu revidei na mesma moeda.
Ele gargalhou.
- Sabe, você é exatamente como eu pensei que fosse.
- ele disse, ainda rindo. - Grossa, meio anti-social, só ouve coisas
pesadas pra uma garota e sabe muito bem cortar as pernas de alguém com
as respostas.
Olhei para ele, sem saber ao certo o que pensar.
- E eu pensei que nunca fosse me dar bem com uma
garota como você, quando eu estava acostumado com aquele tipo de garota
fácil de lidar. Mas, sei lá, com você eu me sinto bem. - seu rosto
corou. - Você é a única amiga que eu tenho. - ele terminou.
Sorri por dentro. Só pelo fato de ser considerada “amiga” por ele já me deixava feliz.
O que significava estar feliz só por uma bosta daquelas é o que eu não sabia explicar…
Mas não era só porque ele havia dito aquilo que eu
iria perdoá-lo tão rápido assim. Mesmo não demonstrando, havia ficado
muito magoada com a sua atitude. Quero dizer, estávamos trocando
mensagens há poucos instantes antes dele fazer o que fez!
Era muita sacanagem.
- Não vai dizer nada? - ele perguntou.
- Desculpas aceitas. - murmurei. - Mas não pretendo
voltar a ser sua amiga. - me ouvi dizer. - Não volto atrás em uma
decisão, e o que você fez só me provou que eu nunca deveria ter deixando
você se aproximar tanto de mim.
- Para com isso, meu! - ele exclamou, nervoso. -
Não fala isso! Se você quiser eu peço desculpas pra você amanhã na
frente de todo mundo!
- Você faz o que você sentir que tem que fazer, mas não vai adiantar. - respondi, dando de ombros.
- Eu quero ser seu amigo! - ele disse, aumentando consideravelmente a voz.
- Eu também queria. - eu admiti, antes de me virar para ir embora.
Dei dois passos antes de parar ao ouvir sua voz.
- Isso, vai embora mesmo! Constrói um muro em volta
de você como você faz com todo mundo que tenta se aproximar! - ele
disse, ácido.
- Prefiro deixar só boas pessoas se aproximarem do
que ser amigo de quem não vale a pena. - respondi a altura, dando mais
dois passos.
Ele não disse mais nada, e eu continuei caminhando, até sentir cinco dedos gelados envolverem meu braço e me girarem para trás.
- Que merda é es… - disse, mas fui interrompida por algo maciço que se chocou com minha boca.
Foi tudo em câmera lenta. Senti os dedos de Thur se
soltarem do meu braço, logo que eu comecei a me debater, e se
envolverem nos meus ombros, me prensando contra a parede, imobilizando
minhas pernas com o quadril. Meus olhos estavam abertos enquanto os
deles estavam fechados e tão apertados que quase sumiam.
Eu me contorcia com uma mistura de nojo e vontade.
Não sabia o que fazer, como fazer e quando fazer. Quanto mais eu me
mexia, mais Thur me apertava na parede. Tentava empurrá-lo para longe de
mim, mas evidentemente ele era bem mais forte do que eu. Fechei os
olhos para ver se encontrava mais forças, e quase consegui me soltar,
quando ele encostou todo o corpo no meu, fazendo o dobro de força que eu
poderia suportar.
Parei de me debater, ficando estática.
Então, para ser sincera, eu meio que comecei a gostar daquilo.
Sua boca na minha, sua língua pedindo permissão pra
entrar, seu corpo encostado ao meu, sua cabeça inclinada para baixo
para poder me alcançar… Tudo aquilo era demais! Não tinha muita
experiência em beijos e essas coisas, mesmo por que os garotos tinham
medo de se aproximar de mim, mas aquelas sensações eram mais fortes que
eu.
Soltei meus ombros e enganchei meus dois dedos
indicadores nos passadores de cinto de sua calça, no ápice da minha
demonstração de afeto. Abri a boca, aprovando sua passagem.
Thur se empolgou, se apertando mais contra mim, e
eu apertei os olhos, tentando não gargalhar. Como diabos aquilo havia
acontecido? Arthur Aguiar me prensando na parede dos fundos do shopping!
E porque diabos eu estava rindo quando deveria estar empurrando ele pra
longe de mim depois do que fizera mais cedo comigo?
Soltei meu peso na parede e relaxei. Se aquilo estava acontecendo mesmo, o melhor seria aproveitar.
Comecei a me apegar nos mínimos detalhes. O cheiro
de Thur, uma mistura de perfume - aparentemente um dos bem caros - com
nicotina, suas mãos ásperas, roçando minha pele nas poucas vezes em que
ele movimentava os braços, sua bochecha com a barba por fazer, roçando
na minha bochecha, seu hálito amargo de cigarro, sua respiração no ritmo
do coração… Tudo era percebido. Meus sentidos estavam aguçados e minha
vontade era de abraçá-lo e nunca mais sair do seu lado.
Senti um pinguinho bater no meu ombro. Depois mais um. Depois dois. Então ouvi um trovão rasgar o céu.
De súbito, parti o beijo no meio e dei um pulo para trás.
- Meu Deus, eu tô ferrada! - exclamei, olhando no
relógio. - Preciso ir! - anunciei, não me explicando, dando meia-volta e
me afastando dele.
- Espera aí! Eu te levo! - ele gritou.
- Não precisa, eu pego um táxi! - exclamei, sem
olhar para trás, encontrando um amarelinho parado no ponto de táxi, como
se estivesse me esperando.
- Espera aí, Lu, não vai embora! - ele pediu mais
uma vez, com as mãos no bolso e a boca vermelha. Mas eu já entrava no
táxi, e só mandei um tchau pra ele com a cabeça, antes de gritar meu
endereço para o taxista e pedir para que corresse.
Fui o caminho inteiro pensando na cara que ele
havia feito, como se quisesse mesmo que eu ficasse lá com ele. Em contra
partido desses pensamentos, fui me lembrando da humilhação que sofrera
mais cedo… O que eu deveria pensar? Que ele estava mesmo arrependido?
Que aquilo fora só um golpe para eu não parar de ajudá-lo? Que foram
seus hormônios falando mais alto?
O que eu deveria pensar?
Entrei em casa - logo depois de pagar o taxista -
que agradeceu e deu uma boa olhada nos meus peitos escondidos embaixo da
camiseta da escola - e subi as escadas correndo, passando por Clara,
que lia Senhor dos Anéis na sala. Ela só acenou com a cabeça, não se
dando conta de que eu estava meia hora atrasada pelo horário do castigo,
e eu subi os degraus, de dois em dois. Abri a porta do meu quarto de
supetão e me joguei na cama, observando o teto, com o coração na boca.
Fiquei por algum tempo em estado de embriaguez.
Minha cabeça rodava e meus olhos não conseguiam se focar em nada,
enquanto eu pensava em trilhões de coisas ao mesmo tempo.
Mas no final, só cheguei a uma conclusão: Eu estava me apaixonando por ele.
continua......
+++++++++++++++++++++++++++++++
ResponderExcluirEla já esta apaixonada. Ei, o Blog está abandonado? Se for eh muito triste. Eu gosto muito dele e das webs.
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